Quero neste espaço fazer uma homenagem aos velhos cantores paulistas. Cantores que fizeram sua carreira por aqui e mesmo longe da antiga Capital da República, sede das grandes e poderosas emissoras de rádio conseguiram, graças ao seu talento, levar sua arte para todo o país. A Rádio Nacional do Rio estava para as demais, como a Rede Globo está hoje em relação às outras redes de TV. Fazer sucesso longe de seus microfones só para artistas privilegiados como estes que modestamente homenageio.<br><br>No inicio do século XX as "italianinhas" do Brás e da Mooca suspiravam por “Paraguassu” (nasceu em São Paulo no ano de 1894 e faleceu em São Paulo no ano de 1976), um dos primeiros seresteiros paulistas, filho de imigrantes italianos. Alto e alinhado sempre com seu elegante chapéu, viveu sempre em São Paulo, onde fez grande sucesso. "Bem te vi" e "Perdão Emilia" são duas de suas canções mais conhecidas. Outro bastante popular foi Gastão Formenti (nasceu em Guaratinguetá no ano de 1984 e faleceu no Rio de Janeiro em 1974) que, espertamente, foi para o Rio de Janeiro onde fez brilhante carreira. Quem não se lembra de "Casa de caboclo" ou "Lua branca"?<br><br>Somente a partir de Sólon Salles (nasceu em Sorocaba no ano de 1923 e faleceu em São Paulo no ano de 1995) é que comecei a me interessar por música. O "Seresteiro da paulicéia" nas comemorações do IV Centenário cantou para uma multidão no Vale do Anhangabaú. Quando sua esposa morreu, entrou em depressão e deixou a carreira artística. "Lencinho branco" e "Segue teu caminho" são ainda lembradas.<br><br>Osni Silva… Grande Osni Silva (1919 – 1995) cantor, compositor, músico e locutor. Algumas fontes dizem que é natural do Acre, mas de qualquer modo sua trajetória foi feita em São Paulo onde, inclusive, estudou no Liceu Coração de Jesus. Quem não se lembra de sua poderosa voz cantando "Funeral de um Rei Nagô"? Corintiano fanático gravou uma marcha em homenagem ao seu clube, cuja bandeira cobriu seu caixão quando de sua morte no município de Praia Grande, aos 75 anos. "Violino cigano", "Jura-me" e "Bandolins ao luar" foram os seus maiores sucessos.<br><br>Muitas noivas adentraram a igreja ao som de "Creio em ti" imortalizada em versão brasileira por Francisco Egydio (SP 1927 – SP 2007). Este paulistano de dicção perfeita regravou as grandes composições de Lupicínio Rodrigues e reviveu com Roberto Paiva a famosa polêmica envolvendo Noel Rosa e Wilson Batista. Basta isso para torná-lo inesquecível. Fez sucesso em Portugal e na África. Em 2007 calou-se uma das mais belas vozes da música brasileira.<br><br>Chegamos a Agostinho dos Santos (nasceu em São Paulo no ano de 1932 e faleceu em Paris no ano de 1973). Começou como "crooner" da orquestra de Osmar Milani. Suas primeiras gravações logo chamaram atenção pela voz diferente, limpa, melodiosa e de rara beleza. Gravou todos os grandes compositores brasileiros. Foi aplaudido de pé no Festival de Bossa Nova no “Carnegie Hall”, em Nova Iorque cantando "Manhã de Carnaval", acompanhado por Luiz Bonfá. Um de seus primeiros sucessos foi "Meu benzinho" em que havia uma parte declamada com muita emoção pelo admirável locutor Walter Forster. Estrada do sol, A felicidade, Eu sei que vou te amar e dezenas de sucessos de uma carreira extraordinária. Morreu precocemente em Paris (em um acidente aéreo) em 1973.<br><br>Vale ainda a pena lembrar Almir Ribeiro de tão curta trajetória e que morreu afogado bem jovem em Punta Del Este no Uruguai, Francisco Petrônio do "Baile da Saudade", cujas gravações acompanhadas pelo violão de Dilermando Reis são disputadas até hoje. Mauricy Moura e Adauto Santos autor do precioso "Triste berrante" também se destacaram.<br><br>Tito Madi, Toquinho, Carlinhos Vergueiro Carlos José, Renato Teixeira, Jair Rodrigues, Germano Matias e tantos outros que os prezados leitores me ajudarão a lembrar, continuam vivos para nossa alegria, como grandes figuras do cancioneiro paulista e brasileiro. Quem sabe em outra oportunidade a gente volte ao assunto para continuar com estas simples e despretensiosas lembranças e não permitir que esses grandes ídolos caiam no esquecimento.<br><br><br>E-mail: [email protected]<br>