Estou com 77 anos e tenho muitas saudades dos Carnavais da década de 50. Das escolas de samba que se apresentavam na Avenida São João, dos corsos. No início da Avenida Nove de Julho, junto a Rua Groenlândia (o asfalto ia somente até lá), formavam-se filas quilométricas de automóveis com passageiros de qualquer idade, uns fantasiados outros não, porém muito animados, batucando nos carros, sem danificá-los, cantando as músicas de Carnaval, que aprendíamos através do rádio e/ ou pela Revista Modinha e estas filas seguiam pela Avenida Nove de Julho até a rampa, que fica na lateral do túnel e retornavam no outro lado da mesma avenida.
Como havia muitos participantes, o trânsito ficava congestionado e os foliões desciam e formavam cordões carnavalescos. Usava-se muito confete e muita serpentina. Alguns engraçadinhos jogavam lança-perfume nas pessoas, sendo o alvo os olhos, mas os espertos usavam um tipo de óculos feito de um material transparente, que desconheço (não existia plástico na época) e que era preso a um elástico e colocado na cabeça. Outro fato pitoresco é que todos os foliões, independente do local que estavam, que não se comportavam dentro da lei eram presos e soltos ao meio-dia na Quarta-feira de Cinzas, nos fundos de uma Delegacia de Polícia. Como eu trabalhava em um escritório vizinho a ela era muito engraçado ver os foliões fantasiados em plena quarta-feira, na rua.