Ruas de baixo, de cima e do meio

Nasci e me criei no bairro do Tatuapé, no tempo em que as crianças nasciam em casas, no meu registro está que nasci no número 60 da Rua
Felipe Camarão. Quando ainda era pequeno meus pais mudaram para a parte de cima do bairro, das linhas do trem da então Central do Brasil, para a Rua Visconde de Itaboraí, lá passei os melhores anos da minha vida.
Tinha três turminhas que formavam “times” de futebol, e jogávamos uns
contra os outros, o pessoal da Rua Tijuco Preto era da turma de cima,
os da Rua Platina da rua de baixo, e nós da Rua do Ouro (hoje Padre
Estevão Pernet). Éramos da turma do meio, quantos torneios disputávamos
entre nós, e quantas brigas de moleques também.
Quando esse pessoal cresceu as amizades foram crescendo, então surgiu o CRUZEIRO DO SUL F.C., que depois se tornou o famoso Cruzeirinho do Tatuapé.
Os bailes de então eram memoráveis, as moças todas perfumadas de laquê
e os rapazes de terno e gravata, dançando ao ar livre. Quem é desse
tempo deve lembrar.
Hoje moro em Campinas, outro dia, indo a São Paulo, passei por esses
locais e vi, com saudade, a sede do querido Cruzeirinho, que tanta
alegria me deu.
Saudades, do Rebeca, do Calú, do Careca, do Pinduca, do Gino, do Bolinha, dos irmãos Jameli, do meu primo Heitor (que está no andar de cima), dos bares do português Seu Zé, do Risadinha e do Jardim, das risadas estridentes do Ratera, dos amigos. Foram tantos que o espaço não dá para citar todos, mas com certeza não os esqueci.

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