A vida noturna de São Paulo sempre foi rica, exuberante, com atrações para todos os gostos. Algumas casas deixaram seus nomes marcados para sempre na história da vida boêmia paulista. Lugares de classe, requintados, com artistas nacionais e de renome internacional.
A primeira delas que me vem ao pensamento é a Boate Oásis, na Rua Sete de Abril, que durante muitos anos foi uma referência na noite, trazendo grandes nomes da música de todo o mundo. Bebidas honestas e shows sensacionais deram-lhe merecida fama. Por lá passaram Agostinho dos Santos, Cauby, Maysa, Silvio Caldas e tantos outros.
Na Praça Roosevelt pontificava A Baiúca, reduto de amantes de boa música, de boêmios e de intelectuais. Os adeptos do jazz encontravam na Cave o endereço certo. Lá você ouvia Booker Pittman, grande saxofonista americano, e redescoberto no interior do Paraná, pintando paredes.
Dois bares elegantes disputavam a preferência de um público mais sofisticado: o Chicote, na Praça da República, e o Captain’s Bar, na Duque de Caxias. Sóbrios e elegantes, também não resistiram ao tempo.
O Jogral, do Luiz Carlos Paraná, que percorreu vários endereços e acabou seus dias na Galeria Metrópole. Ponto de encontro de jornalistas, poetas e cientistas, como Paulo Vanzolini, autor de Ronda e Capoeira do Arnaldo.
Anos depois, com o samba em evidência, explodiu A Catedral do Samba, onde Benito de Paula, em início de carreira, era a atração maior, ao lado de Gilson de Souza (Poxa! Como foi bacana te encontrar de novo…) e o violonista Macumbinha, cuja morte trágica abalou os freqüentadores da Catedral. No Viva-Maria você poderia ouvir, no auge da carreira, o Roberto Luna cantando Molambo e outros grandes sucessos.
Este circuito é o que poderíamos chamar de classe A. Em outra oportunidade, quem sabe, mergulhemos no submundo dos "inferninhos" da Major Sertório e adjacências, onde brilhava o La Licorne, cheia de esplendor e luxo, comandada por Laura, a grande dama da noite. Lá desfilavam as mais lindas garotas de programa de São Paulo, inacessíveis aos menos privilegiados financeiramente.
Muitas outras casas merecem ser lembradas. Numerosas delas cerraram suas portas, mas permanecem vivas na memória dos amantes da boa música, da boa bebida e das madrugadas paulistanas.
"Todo boêmio tem que ter um coração, tem que gostar de violão ou então sentir saudades…" (Carminha Mascarenhas)
P.S. Outros colaboradores do São Paulo Minha Cidade já escreveram com mais competência e brilhantismo sobre o mesmo tema. Como o assunto é inesgotável, deixo aqui minha modesta contribuição. Abraços a todos.
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