Não tenho escrito nada ultimamente, talvez por falta de inspiração ou mesmo por falta de assunto. Tentando me motivar fui dar uma olhadinha nos meus e-mails quando me deparei com um em especial enviado pelo Marco Aurélio, meu filho. Era sobre como a igreja deve tratar seu pastor, gostei muito do texto e resolvi navegar no site do autor e outro artigo do mesmo me chamou a atenção, era sobre a cidade dele<br><br>Dei uma paradinha para meditar quando me lembrei do programa da Ana Maria Braga, transmitido pela TV Globo Internacional, onde ela, a bordo de um helicóptero sobrevoava a cidade de São Paulo passando por lugares que conheço muito bem, comecei então a me lembrar do meu bairro, ai me veio uma melancolia, aquele aperto no coração, um sabe lá o que, foi então que percebi que estava sentindo aquilo que muitos de nos sentimos quando perdemos ou deixamos alguém ou algo que nos traz boas lembranças… Saudade…<br><br>Saudades é lembrar e sentir falta das coisas boas que nos acontecem e também das pessoas que participaram delas. Alguém já disse que a saudade é aquilo que fica daquilo que não ficou!<br><br>Comecei então a me lembrar da minha cidade natal, São Paulo. Especialmente do bairro onde morávamos, a Vila Mariana. Dentre todas as lembranças a que guardo com mais carinho é a imagem de minha mãe fazendo comida ou limpando a casa sempre alegre cantando os hinos de nossa igreja, dos irmãos ou amigos, chegando de tardezinha pra comer bolinho de massa dura com café, a prosa comprida depois do banho tomado. <br><br>Saudades do meu bairro, dos meus amigos de infância, infância que poucos hoje vão ter. Era sagrado, todos os dias brincar de bolinha de gude, jogar futebol no campinho ou na rua, o gol era marcado por pedras. Tinha época do ano pra tudo: fazer e soltar balão, roubar frutas na vizinhança, jogar taco, andar de carrinho de rolimã, soltar papagaio, rodar pião, pular fogueira de São João, malhar o Judas, jogar botão. Saudades.<br><br>A Rua do Tanque (depois Rua Estado de Israel) era especial, ali tinha o nosso campinho onde jogávamos futebol e brincávamos de tudo que uma criança tem direito… Rua como aquela acho que não existia. Era a única rua que tinha pouco movimento de carros, ali andávamos de bicicleta, de carrinho de rolimã e sempre tinham crianças brincando o dia todo. Saudades.<br><br>Saudades da Biblioteca Estadual, do Colégio Rocha Marmo onde estudei, aquele próximo ao Cine Sabará onde íamos matar aula e da Igreja Metodista que ajudamos a construir e onde aprendi a ter temor a Deus. Saudades.<br><br>Não posso me esquecer do Grupo Escolar Marechal Floriano, onde fiz o então “curso primário”, do guarda-civil Osvaldo, que nos ajudava a atravessar a Avenida Domingos de Moraes. Foi ali que tive as primeiras aulas de cidadania, de respeito ao Hino Nacional Brasileiro e a bandeira do Brasil, que saudades daquela escola.<br><br>No meu bairro não tinha rio para pescar – cidade já grande naquela época – ou nadar, mas tinha a ACM – Associação Crista de Moços (YMCA), onde aprendi a jogar tênis de mesa, bola ao cesto, futebol de salão, vôlei. Saudades.<br><br>Saudades de andar no estribo do Bonde aberto linha 47 Vila Clementino, que fazia ponto no final da Avenida Sena Madureira, perto do Matadouro, e ia para o centro da cidade pela Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, passando pelo Instituto Biológico e chegando à Rua Domingos de Moraes onde ficava o Cine Cruzeiro, e depois descia a Avenida Vergueiro e continuava pela Avenida Liberdade, passando pelo bairro da colônia japonesa e chegando à Praça João Mendes, no centro da cidade.<br><br>Saudades do bonde linha 23 Praça da Árvore, que saia da Praça João Mendes, subia a Av. Liberdade, Av. Vergueiro, pegando a Rua Domingos de Morais, Avenida Jabaquara e chegando à Praça da Árvore, onde moravam minhas primas. E também me lembro do bonde fechado, chamado de "camarão", que ia para Santo Amaro. Saudades.<br><br>Que saudades da minha turma, dos bailinhos de aniversário, dos bailes de formatura, aonde sempre ia com meu melhor amigo Ciro. Que saudades da minha cidade, do meu bairro perto do Parque do Ibirapuera, onde participei da inauguração e da comemoração do quarto centenário da cidade de São Paulo, onde assisti ao primeiro Salão do Automóvel, da primeira FENIT.<br><br>Que saudades da minha terra, doce terra onde nasci. Que saudades meu Deus! Senhor obrigado pela minha família, pelos parentes e amigos, pelo meu país, pela minha cidade, pelo meu bairro, pelas boas lembranças, obrigado pela vida que me deste.<br><br>Senhor obrigado por ter me dado tantos bons motivos para poder sentir tantas saudades. Só a Deus toda a glória!<br><br><br>E-mail: [email protected]<br>