Antigamente, era elegante e prazeroso mostrar os presentes ganhos a todos que iam visitar a nova casa ou o quarto dos futuros noivos. Para quem presenteava, era um motivo de orgulho ver seu presente junto ao cartão em exposição no quarto dos noivos. Eu achava tudo muito bacana, mas isso não batia com meus planos de noiva, quando decidi me casar.
Combinei, então, com meu futuro marido, alugar um apartamento de dois quartos, sala e cozinha. Como não tínhamos muito dinheiro para a mobília, tivemos a ideia de responder aquela velha pergunta que todos faziam, principalmente os mais chegados a família. O que vocês gostariam de ganhar? Então, respondíamos que gostaríamos de ganhar os pertences para mobiliar nosso pequeno apartamento. Preparamos então a nossa lista com tudo que precisávamos para preencher os cômodos da nossa futura casa.
Muitas vezes, o presente que pedíamos era muito caro, então nossa sugestão era que os parentes e amigos se juntassem em pequenos grupos, claro que sempre os mais afins, para finalizarem nosso presente. Um exemplo simples, para meus três irmãos pedimos que nos dessem a geladeira. Os três primos de meu marido, os móveis de aço da cozinha e vieram de brinde a mesa e as cadeiras.
O Bebeto, que era um grande amigo e cunhado da minha irmã, nos trouxe o colchão e o fogão. O jogo de panelas quem nos deu foram duas tias, que depois resolveram dar a panela de pressão e o jogo de mantimentos, todinho de alumínio com tampa azul (tenho até hoje). Ainda tivemos o grupo que deu o aparelho de jantar completo e o faqueiro e assim a lista que fizemos ia se tornando realidade.
Para a sala, meus pais nos presentearam praticamente com tudo, o conjunto do sofá, o tapete, a estante e as duas mesas laterais. Tudo escolhido por nós.
Os móveis do nosso quarto conseguimos comprar de uma empresa do Rio Grande do Sul, foi barato, mas de grande qualidade. Eram todos brancos, de linha reta e com alguns detalhes em lilás, eram bem modernos para a época.
As cortinas do quarto, da sala e do vitrô da cozinha ganhei da minha irmã mais velha. Os lustres e abajures ganhamos de um grupo de amigas da faculdade, eram minhas melhores amigas e somos até hoje, a Maria Helena, Marilisse, Edna, Rosinha e a Maria Alice, todas do bairro da Penha.
Os outros apetrechos que faltavam foram ganhos no chá de cozinha feito também pelas minhas grandiosas amigas. Como viram, minha casa estava completa, ganhamos tudo que precisávamos e o melhor, nenhum presente foi repetido como acontecia com as noivas que às vezes ganhavam três ferros, dois liquidificadores e nenhum jogo de panelas.
Aos poucos e à medida que os presentes iam chegando, já colocávamos tudo no seu devido lugar.
Conclusão, quando alguém chegava ao apartamento não via a grande exposição de presentes que toda noiva gostava de exibir, e é claro que muitos estranhavam, mas para evitar tanta curiosidade dos visitantes eu logo ia dizendo que meus presentes eram todos aqueles que estavam vendo na cozinha, no quarto e na sala. Graças a Deus, só ganhei presentes bons! Apesar de estranharem, muitos gostaram da ideia da mobília e por não haver presentes repetitivos.
Todos os convidados que foram conhecer o meu apartamento, na Rua Santo Antero, no bairro da Penha de França, foram muito bem recebidos e não faltou o brinde com um vinho acompanhado por deliciosos salgadinhos e os meus sinceros agradecimentos. E como agradeci!
Tivemos sorte e ela não parou por aí, pois recebemos das duas escolas em que trabalhávamos uma boa quantia em dinheiro que nos serviu para gastar com a lua de mel. E quando voltamos, minha mãe nos presenteou com as compras do mercado em nosso primeiro mês de casados.
Foram muitos os presentes de casamento, mas o mais valioso e abençoado por Deus, foi receber meu amado marido Cezar Rogerio Oliveira Peramezza e por isso fui e sou eternamente grata, apesar de ele não estar mais entre nós.
Até hoje, agradeço por tudo e pela ajuda que recebi dos familiares, dos parentes e de todos meus grandes amigos.
PS: Estou adicionando a foto de um presente que tenho até hoje, o jogo de mantimentos e que guardo há 41 anos, até que ainda está bonitinho!