De norte a sul de leste a oeste, o Brasil é um fogaréu só.
Vai ter copa, não vai ter copa. Só a tocha? Liberdade? Estátuas. Como está fica.
Morreu inocente? Fogo nele. Violência policial? Fogo! Faltou água. Gasolina e fósforo aceso. Morreu bandido? Fogaréu.
Tudo explode. O clima esquenta. A raiva cresce e a sensatez viaja no espaço sideral.
Há tempos as pessoas estão malhando o busão. Muito antes e depois do sábado de aleluia. A cada bairro, a cada esquina um Nero sem Roma e sem história. Incendeia, incendeia.
Nossas estações incandescentes. Inferno de Dante contemporâneo. Pessoas interrompendo a pressa. Cobradores assustados. A coisa se espalhando, labaredas se arrastando.
Se dá, a gente vai que nem bicho e pagando caro. Acreditar.
Versão moderna do navio negreiro.
Se não dá, desce. Procissão de trabalhadores, suados, cansados, desarmados.
Facções esquentando ainda mais o clima infernal. Repiques hidrófobos. Comentários homicidas. Bombeiros às avessas. Balas perdidas achando inocentes.
Fogo e sebo nas canelas. Procissão humana rumo ao trabalho, à escola, ao doutor. Sem choro nem vela. A indignação sem glossário nem bom tom. Chispa, chispa.
Novos destrambelhados. Em jogo fatias do bolo que vale cerca de 6 bilhões/ano. A força da grana que ergue e destrói coisas nem tão belas.