Há muitos loucos por ai.
Uns leem Pound ("Bebo a vida como os homens menores bebem vinho"), outros repetem (“Não canteis. Não faleis!”). E assim, dando vida à única ideia que jamais tive, comprei um celular de R$1,99 e sai pela rua feliz, falando alto e sozinho!
Há os que pregam e há os que ouvem os que pregam. E nesse emaranhado aparentemente insolúvel, há os que tentam trazer a realidade á tona e esses, claro, são os mais loucos (além de serem os mais chatos também).
Acho que delineei isso, essa linha de pensar, ao deparar – em uma esquina de São Paulo (que não é a famigerada) – com uma família de moradores de rua (morando na rua, obstruindo a calçada; não desarticulando a leveza da praça). Preparavam-se para dormir enquanto o povo passava.
Uma dentre eles, com cara de matriarca, organizava o caos. Cobria um, repreendia outro, abastecia de café um copo, bebia um trago e, ternura das ternuras, preparava-se para amamentar um pequenino que, pequenino, só olhava – à espreita, com seus olhinhos negros esperava.
Foi ali, perto da Paulista, na Brigadeiro, mas parecia o Iraque pós Bush, ou Varsóvia ocupada, ou o inferno, sei lá.
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