Juventude, um fogo que será extinto pelo tempo, mais cruel, mais impiedoso, mais amargo que o mar. Quem escreveu isso foi Joseph Conrad, em "Youth". É claro que o mesmo conceito já foi expresso por muita gente, sempre de uma forma corrosiva porque a saudade da juventude é assim, corrosiva, como a saudade de tudo aquilo que se foi e que não volta nunca mais.
Arrematei este texto em um bar, nas quebradas do Ipiranga, e em determinado momento alguém disse "passa a garrafa" e isso me trouxe Conrad, que pontua Youth com essa frase "passa a garrafa", à memória. O bar, que serve uma galinhada fantástica, era decorado com motivos do mar, novamente Conrad; novamente "juventude".
Mas não foi só isso, foi outra coisa, foi um papo doloroso que tive com meu filho e ele, com quase 15 anos, pela vez primeira me viu chorar (já chorei tanto, sempre escondido) e o danadinho me disse assim "pai, não chora; você é o cara mais legal do mundo e não merece isso". Meu menininho falando assim comigo foi a maior das alegrias (e a maior das tristezas, porque o tempo está passando e talvez eu já não tenha tanto tempo assim pra ser feliz como sou hoje, para continuar a ouvi-lo, a brincar com ele). Amargo tempo que passa e leva tudo consigo. Passa? Então passa a garrafa.
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