Padre Francisco

Ele veio da Espanha de navio, e foi pela primeira vez naquela época que conheceu a fruta “banana”. Gostou tanto que comeu quase um cacho, dizia ele. Nem é preciso dizer que ele ficou empachado e não passou bem naquele dia. 
 
Trabalhou conosco na Igreja Cristo Rei, na Rua Maria Eugenia, no Bairro do Tatuapé, por um ano, como um estágio, celebrando missas, atendendo confissões, visitando doentes e celebrando casamentos e batizados. Pertencia à SVD (Sociedade do Verbo Divino). 
 
No final do ano, após esse estagio, a Cúria Metropolitana designavam eles para uma paróquia aqui no Brasil, como também poderia encaminha-lo para uma paróquia fora do Brasil em qualquer país. Não sei onde ele foi parar nesse mundão de Deus. 
 
A cozinheira da paróquia era a dona Diva e todos os dias, após o fechamento da Igreja e o toque dos sinos às 12h, sentávamos para almoçar. O seu prato predileto era bacalhoada, e pedia gentilmente à dona Diva se ela poderia preparar essa iguaria em um dia qualquer da semana. Ela retrucava que o vigário Padre Germano detestava bacalhau, e ela estava proibida de preparar esse prato não dando a ela nenhuma alternativa, que no meu modo de entender, bem que ele poderia comer na cozinha longe do olfato do vigário. Insistiu tanto e lá estava o prato em sua frente não vendo a hora de saboreá-lo.
 
Terminando a oração, o vigário nos desejou bom apetite e fomos para o sacrifício. Ao abrir a cumbuca, nem é preciso comentar o aroma que exalou no refeitório, logo percebido pelo vigário, mesmo estando do lado oposto da mesa em relação ao Padre Francisco. A janela do refeitório era bem baixa. Se você imaginar estar sentado à mesa, a janela estaria na altura do seu ombro, e foi por lá que passou a cumbuca com a bacalhoada. A refeição desse dia parecia o convento dos Monges Franciscano, que fazem o voto de silencio. 
 
O padre Francisco se daria bem nos dias de hoje. Basta termos dinheiro que nós encontramos comida de todo tipo, de várias nacionalidades, em vários lugares e com diversos sabores, tendo também comida congelada para levarmos para casa. Acaso você acordar no meio da noite, ter sonhado com um prato daqueles que é seu fraco, basta ir até o freezer da geladeira, retira-lo e colocar no micro-ondas. Em menos de 10 minutos você estará sentado à mesa saboreando o elixir dos Deuses. Bom apetite a todos.
 
Um dois, feijão com arroz; três, quatro, feijão no prato; cinco, seis, falar inglês; sete, oito, comer biscoito; nove, dez, comer pasteis…