Era os bondes 40 – Jardim Paulista. Eles vinham do centro, entravam pala Rua Pamplona, atravessavam a Rua Estados Unidos, entravam na Rua Veneza e na rotatória faziam a parada para pegar novos passageiros. Eram bondes fechados (camarões), portanto, os passageiros ficavam na parte interna, ao contrário dos bondes abertos como aqueles que eu pegava na Praça Clovis Bevilaqua até o Brás, em que a gente ia driblando o cobrador. Mas mesmo assim tinham passageiros que viajavam pelo lado de fora dos bondes camarões. Eram os entregadores de mercadorias dos empórios de secos e molhados, pois naquela região todos faziam compras e pediam para entregar em casa.
E lá iam os entregadores naquelas bicicletas pneu balão. Com uma caixa no guidon da bicicleta, com as mercadorias. Então os entregadores chocavam os bondes, para descansar um pouco as pernas. Acontece que quando vinham dois bondes na curva da rotatória da Rua Veneza um andando no sentido contrário do outro, dava-se o infausto acontecimento.
A traseira de um bonde esmagava o entregador de mercadorias, no meio da lateral do outro bonde que vinha em sentido contrário. O Jardim Paulista foi palco de muito desses acidentes de chocadores de bondes.
O interessante é que quando isso acontecia era noticia de jornal, no rádio e na TV. O jornal A Hora, (mais tarde Notícias Populares) aquele que torcendo saia sangue, colocava manchetes em letras garrafais e assim mesmo os entregadores continuavam chocando bondes, e essas tragédias continuavam se repetindo.
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