O velho sobradinho

Eu sou Penhense, nasci na Rua Carlos Meira, nº 190, isto lá trás, nos idos anos de 1944.

Vim ao mundo pelas mãos de Dona Marcemina, uma parteira que na época era muito solicitada pelas famílias deste bairro.

O sobradinho em que nasci pertencia a minha avó paterna que se chamava Hortencia.

Hoje não pertence mais à família, mas lá está do mesmo jeito, espremido entre outros seus irmãos construídos na mesma época, e até parece que me acompanha com o olhar quando em sua calçada frequentemente eu passo. Olho para ele e me parece ver meus irmãos, minha mãe, meu pai entrando por aquela porta estreita, muitas vezes sorrindo, brincando outras vezes, tristes e cabisbaixos…

Eles tinham na época as mesmas alegrias e as mesmas dificuldades que tenho hoje. Mas só agora entendo o porquê de não estarem sempre alegres e sorridentes…

Essa nossa vida danada e cheia de subidas e decidas, cheia de alegrias e tristezas, e não a quem seja sempre alegre, mas também não a quem fique sempre triste.

Se parece nostálgica esta minha história que me perdoem… mas é que hoje eu passei em frente ao sobradinho, e todas as vezes que por lá eu passo duas coisas sempre me acontecem… ou volto para casa sorrindo, ou volto chorando… E desta vez meus amigos… eu voltei chorando. Não sei se de saudade, não sei se de tristeza, mas também não sei se de alegria…

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