O dia da criança

Já faz tempo, mas ainda me lembro dos primeiros anos da década de 60. Todos os anos, quando chegava o mês de outubro havia um evento que era aguardado com muita ansiedade por mim, meus amigos e, acredito, por todas as crianças que residiam em São Paulo. Falo do Salão da Criança que acontecia no antigo Pavilhão de Exposições do Parque do Ibirapuera.

Eram duas semanas de muita diversão e eu ia praticamente todos os dias. Não era apenas uma feira comercial, era uma feira para as crianças brincarem, ganharem guloseimas, sorvetes e até brinquedos.

Havia campeonato de futebol de salão entre escolas que se inscreviam para esse evento.

Nos estandes muita gente bonita e o maior barulho que se ouvia era o riso da criançada que corria pelos corredores para entrar em filas para ganhar os brindes que eram fartamente distribuídos.

Eu morava nas proximidades e costuma ir a pé com meus amigos e nós nos divertíamos muito. Nos estandes havia artistas de televisão como recepcionistas e nós, moleques ainda, nos deliciávamos em admirá-las e conseguir um autógrafo.

Mas havia um estande que era muito especial, que era o da TV Record que na época tinha um programa muito especial, chamado A Turma dos Sete, que contava a vida de sete crianças, sendo um delas uma menina chamada Jô. Havia o Fernando e um garoto chamado Chuvisco, não me lembro dos outros nomes, mas não deve ser difícil descobrir.

Chuvisco era o mais engraçado deles, tratava-se de um garoto de cor que sempre tinha um bordão que era “Mixou o carbureto” que dizia sempre quando algo saía errado.

O Salão da Criança durou pouco tempo, as coisas foram mudando, o pavilhão foi demolido e as feiras passaram para o Parque Anhembi, mas já não era mais a mesma coisa e nem poderia, já que eu e meus amigos havíamos crescido.

Mas pensando nas crianças de hoje, que vivem numa cidade que cresceu muito desde a minha infância, sinto saudade daqueles tempos de uma cidade humana que se preocupava com suas crianças.

“Agora, mixou o carbureto.”