Muares e Semoventes

Morei no bairro de Vila Pompéia alta. Ao lado do bairro chiquérrimo do Sumaré, próximo da igreja de Nossa Senhora de Fátima, onde havia uma área hoje ocupada pela estação do metrô. Nessa área estava instalada a garagem, se assim se pode dizer, dos carroções de lixo puxados por jumentos e que faziam a coleta na região. Claro que os moradores se sentiam incomodados e fizeram de tudo para que os livrassem desse incômodo. Próximo dali, na Rua Padre Chico, na quadra vizinha à Avenida Pompéia, havia um curral onde a população ia comprar o leite tirado na hora de uma meia dúzia de vacas. Pelo bairro circulavam carroções que entregavam no comércio produtos Phebo. Eram puxados por uma parelha de enormes cavalos, cuja característica principal era uma abundante quantidade de pelos logo acima dos cascos. Bem longe dali, na Mooca, havia um matadouro onde meu avô ia buscar sangue fresco de boi para fazer o "sanguinacho", uma bebida adocicada que me fez provar, mas não gostei. Estas são lembranças da década de 30, cujos detalhes se perdem na bruma do tempo.

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