Minha tia

Hoje, apesar da chuvinha, é um dia em que levantei de bom humor e, portanto, um dia para darmos risadas. Para os cinéfilos, os filmes do Fellini retratam a Itália de maneira caricata e todos aqueles que assistiram Amarcord, dizem que os italianos "não podem ser tudo aquilo". Mas, na verdade, eles são tudo aquilo e muito mais.

Eu tenho uma tia que poderia perfeitamente fazer parte de um desses filmes ou ser personagem de um romance. Nascida em São Paulo, educada parte aqui e parte acolá, é irmã da minha saudosa mãe. E, assim, vou prestar uma homenagem à única tia viva que tenho, nascida Renata Olmeda e que, casada, teve seu nome alterado para Renata Olmeda Mallandrino, um sobrenome no mínimo incomum.

Pois bem, essa minha tia está hoje com oitenta anos, mas quem a conhece não acredita, haja vista a mesma gozar de excelente saúde, ser magra e continuar bonita, além de ser muito divertida e muito agradável de conviver. Em alguns momentos, parece mineira, pois nunca vi um acervo de causos e piadas que vai desfilando e nos fazendo dar boas risadas. Ainda é exímia com contas e conversões de valores, sendo que suas conversas são sempre entremeadas de conversões ao vivo, de dólar para euro, euro para real e dólar para real, sem o uso de ábaco ou qualquer calculadora. E, para negócios é terrível, estando para nascer uma pessoa que a engane ou obtenha vantagem em qualquer situação. Talvez tal posicionamento venha do nome acima, que adquiriu quando casou. Isso sem falar que é pianista, viúva de pianista e mãe de pianista, sendo por isso chamada de Maestra!

Idosa como é, divide-se entre o Brasil e a Itália, por ter uma filha vivendo em cada um desses países, e adora viajar. Fala que hoje, para ela, é muito mais gostoso viajar, pois, por ser idosa, recebe tratamento VIP e é muito bem tratada. Para algumas pessoas, simples mortais, viajar doze horas de avião é um sofrimento, mas para ela é um divertimento e, se deixassem, certamente daria a volta ao mundo. Eu não sei onde ela arruma tanta energia e disposição. Isso sem falar que, em suas viagens, leva o companheiro inseparável, um cão maltês que também tem bastante energia para gastar. Que dupla!

Hoje, ela está na Itália e na semana passada, com os terremotos que abalaram toda a Itália, eu fiquei preocupado e liguei para Pesaro (terra do Pavarotti), onde nasceram meus antepassados, e onde ela vive, para saber se havia lhe acontecido qualquer coisa. E, qual não foi minha surpresa quando minha prima falou que a Maestra estava muito bem e que estava na praia! Só me esqueci de perguntar se ela estava surfando!

Tia, francamente, tenho certeza de que a senhora passará dos cem anos. Que o Senhor continue a acompanhá-la e que a senhora continue nos sendo um exemplo de vida, uma pessoa alegre e divertida!

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