Meu Primeiro Amor

Não sei porque hoje lembrei da minha primeira namoradinha, um verdadeiro anjo, chamada Conceiçã3o. Eu tinha 12 anos, hoje tenho 71, mas mesmo depois de tantos anos, lembrei dela como se a tivesse visto a poucos minutos. Loirinha, cabelos lisos, olhos azuis… a menina mais bonita do bairro. Eu morava na Rua Gonçalves Dias, no Belenzinho e minha casa ficava em frente à Rua Behring, que tinha a Fábrica de Bebidas Cinzano na esquina e era a rua em que ela morava. Naquele tempo, namorar consistia em ficar brincando com a turma, na rua, pulando corda, passando anel – como era bom, quando as mãos se tocavam, para passar ou não o anel -, queimada e outras que não lembro mais. Lembro que eu ficava sentado na porta da rua esperando ela sair para comprar alguma coisa e eu aproveitava e ia junto com ela. Como o despertar do amor era lindo. Mas, um dia veio a notícia mais triste que eu poderia ouvir "Meu pai mudou de emprego e nós vamos mudar de casa, vamos morar no Brás, na Rua Ipanema". Senti o mundo desabar; como vamos nos encontrar? Como vamos juntar a turma e brincar na rua? Lembro que não dormi a noite e nem sequer fui à escola na manhã seguinte, dormi até quase o meio-dia. Quando saí na rua, fiquei sabendo que ela havia mudado naquela manhã mesmo. Durante muito tempo eu ia quase que diariamente à tal da Rua Ipanema, ficava um longo tempo andando de um lado ao outro, para ver se a via, perguntei para várias pessoas, ninguém conhecia. Desejava de todas as formas vê-la de novo. Nunca vi! Acabei desistindo. Foi a primeira grande desilusão da minha vida. Mas… não foi a única.

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