Saboreando as diversas histórias sobre o tema “Lua de mel” no site São Paulo Minha Cidade, como as do Modesto e de outros colegas, tirei do baú mais uma história que aconteceu na Praia Grande.
Sou filho único. Era o ano de 1974, o primeiro sábado de janeiro. O casamento seria na igreja Coração de Jesus, pertinho da antiga rodoviária da cidade de São Paulo. Não tinha a intenção casar na igreja e nem de fazer festa. Mas a pressão familiar acabou vencendo.
Trabalhava no Banco Real, na agência da Rua 24 de Maio, no centro da capital paulistana. Na época cursava o segundo ano de Educação Física na FEFISA. Minha esperança era pegar uma semana de férias para isso, aguardava o ok do banco.
O plano era passar a Lua de mel em Assuncíon, no Paraguai, um presente de meu padrinho de Batismo, dono de uma pousada naquela cidade. Outro padrinho, o de Crisma, concordou em pagar as passagens de avião como presente.
Dois dias do antes do casamento, o Banco Real, suspendeu minhas férias, oferecendo apenas os três dias de praxe. Já com tudo pronto e planejado, fomos obrigados a refazer os planos. Após muita discussão, sobraram apenas os três dias permitidos por lei. O que fazer não é? A opção de plantão foi o apartamento de meu tio, na Praia Grande. Isso foi o melhor que conseguimos.
Dia do Casamento.
Na tentativa de economizar grana para a viagem ao Paraguai (que não deu certo) combinei com um amigo e um primo que se encarregassem das fotos e a gravação em Super 8. Resultado: Nenhuma foto e nenhum filme.
Meu primo, ligado às artes, quis enfeitar as cenas do casamento filmando o teto da igreja e acabou usando o filme todo e nada do casamento. Com relação às fotos, meu amigo brigou com a namorada durante a cerimônia e ela o deixou falando sozinho.
A nossa sorte é que meu cunhado havia levada a sua máquina e tirou seis fotos. As únicas lembranças fotográficas do casamento são esses seis negativos.
O casamento teve inicio às 17h e a festa foi no salão da igreja, que durou até a meia noite. O fato mais engraçado da festa coube a nossa vizinha com mais de 75 anos, o elástico de sua calcinha arrebentou e a peça desceu, até o chão. Ela era uma mulher alta e bem forte, mas com pouca mobilidade. Demorou a “cair sua ficha”. Mas quando caiu, ela pegou a mesma e colocou na bolsa e continuou a comer o bolo…
Um dos padrinhos do casamento morava em São Vicente, e concordou em nos dar uma carona até a Praia Grande. Cansados da badalação, aceitamos a carona. Chegamos perto das 3h. De tão cansados que estávamos, caímos na cama e dormimos.
Acordamos ao meio dia já com o sol forte e o muito barulho na rua. Tomamos café e fomos direto para a praia. Depois de passear, fomos dar um mergulho.
Ao sair da água, fiz um comentário:
– “Nossa aquele homem de camisa verde, se parece muito com meu tio” – (o dono do apartamento).
E a Imma respondeu:
– “E as duas pessoas ao lado dele, parecem seu pai e sua mãe!” – e eu complementei:
– “Parecem nada. São eles!”.
Os três vieram ao nosso encontro todos sorridentes e fechamos a cara.
Chateado da vida perguntei o que faziam ali. Eles responderam que vieram ver se a gente precisava de alguma coisa. E que iriam aproveitar o dia para ir à praia.
Eu queria morrer, ou melhor… Matar a trinca. Quem precisa de ajuda de pai e mãe na lua de mel? Brincadeira?
Demos um ultimato no trio. Caso eles não fossem embora iríamos para o Rio de Janeiro. Rapidinho eles se foram.
Assim foi nossa lua de mel na Praia Grande. A outra parte eu não conto.
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