Lidu e Eduardo eram dois jovens atletas de futebol que defendiam o S.C. Corinthians Paulista, já no crepúsculo dos anos 1960. Eduardo Neves de Castro, que veio do Rio de Janeiro (jogava no América), estava já bem ambientado e era um dos destaques do time corintiano, jogando sempre na ponta esquerda. Já Lidu (Ludgero Pereira da Silva) veio de Presidente Prudente, sua terra natal, mas antes de vir para o Corinthians jogou também no futebol paranaense.<br><br>Ao contrário de Eduardo, Lidu não tinha se dado muito bem em São Paulo. Suas atuações iniciais não estavam agradando, mas aos poucos foi se firmando e caiu nas graças da torcida, já tinha realizado boas partidas, inclusive na última que jogou em Sorocaba, quando o Corinthians tinha empatado de 1 x 1 contra o São Bento local.<br><br>Estando já em São Paulo naquela mesma noite 28 de abril, Lidu e Eduardo foram jantar no restaurante Recreio Chácara Souza, em Santana. Ninguém poderia esperar por um desfecho tão trágico. Toda São Paulo acordou naquela segunda feira dia 29 de abril de 1969 com as manchetes dos jornais revelando a morte de Lidu e Eduardo. E até agora ninguém compreende o porquê de tudo isso, era o que dizia o Diário Popular daquele triste dia, para o futebol brasileiro.<br><br>Ao voltar, vindo pela avenida marginal do Tietê, ainda em construção, e sem iluminação, Lidu, que dirigia seu carro (Fusca) Castor placa 9 26 79, e carta nova, não viu que tinham guias jogadas no asfalto e, passando por cima delas, capotou o carro, dando várias cambalhotas e espatifou-se no chão, perto da ponte da Vila Maria, jogando Lidu e Eduardo fora do veículo, sofrendo ambos fratura de crânio, roubando do Corinthians dois titulares, que faleceram antes de dar entrada ao pronto-socorro de Santana. Antes, porém, os corpos foram saqueados por pessoas sem alma e coração, objetos, como relógios, correntes e carteiras, foram levados.<br><br>O presidente do Corinthians Wadi Helou e o diretor Elmo Franchini foram os primeiros a chegar ao pronto-socorro. Enquanto os familiares das vitimas eram avisados, os corpos mutilados foram levados para o necrotério do instituto médico legal.<br><br>Stela de Castro, esposa de Eduardo, mesmo depois avisada, evitou ir ao necrotério, estava traumatizada. Havia se casado com Eduardo no dia 18 de dezembro, quatro meses antes da tragédia, e não conseguiu suportar o choque. Os primeiros a chegar ao necrotério foram Paulo Borges e esposa, e Dino Sani. Depois vieram Rivelino e seu pai Nicola.<br><br>Depois da missa de corpo presente as caixas funerárias foram cerradas e os carros se preparavam para a viagem. O corpo de Eduardo seguiu às 17 horas para a Guanabara, onde seria enterrado no cemitério do Caju. Jogadores do América do Rio vieram a São Paulo para acompanhar o antigo companheiro de clube nessa viagem. Os diretores do Corinthians João Creveland, Otavio Muniz, e Américo Cater foram para a Guanabara, em companhia dos jogadores Diogo e Louro.<br><br>O corpo de Lidu deixou o parque São Jorge na mesma hora sendo trasladado para Presidente Prudente, sua terra natal. Foram os diretores Jorge Cardoso, Pedro Monteiro e Waldemar Fictorato, além dos jogadores Ditão, Clovis, Alexandre e Buião e o porteiro Caldeirão.<br><br>Foi uma grande comoção naquela segunda-feira cinzenta e garoenta. Como dizia Fiori Gigliotti, o céu estava carrancudo e caíam lágrimas.<br><br>Este texto com fotos pode ser visto no Blog do Esporte: http://esportes-mlopomo.blogspot.com.<br><br>e-mail do autor: [email protected]