Tudo começou quando estava no colégio e precisava fazer um trabalho sobre Vitaminas. Morava naquela casa há pouco tempo. Pelo muro lateral, vi uns cabelos loiros e perguntei para o moço se possuía algum material sobre o assunto. Pediu que o aguardasse. Em seguida, passou o volume de uma enciclopédia pesada. Não vi o seu rosto, nem perguntei o nome. Falou para usar o livro pelo tempo que precisasse. Dias depois, achei melhor devolvê-lo pessoalmente, mas fui recebida por uma senhora que não falava português. Só pedi a gentileza de entregar o livro. Fiquei na dúvida se fui entendida. Passaram dias e quando percebia um loirinho pelo muro, perguntava do livro. Cada vez era um moço diferente, não sabia do que se tratava. Fui ficando atrapalhada. Não conseguia agradecer ao rapaz pela ajuda recebida. Que sufoco, cada vez era um irmão, até descobrir quem foi, demorou.
Depois, conversava muito pelo muro, principalmente, com o irmão mais novo. Tudo começou, por conta desses desencontros.
Foi assim que ganhei essa família, de estrangeiros, no meu coração.
Certa vez, mudaram dali, encontrei a mãe deles numa festa de colégio. Cheguei perto dela e perguntei se lembrava de mim. Ela foi engraçada, disse: lembro sim, é a vizinha das pernas bonitas! Fiquei sem graça, mas sei, falou carinhosa comigo.
Bom lembrar dos tempos do Brooklin e dessa família.