Juiz torcedor

Final da década de 50. Eu jogava no Guarani FC da Vila Munhoz.
Não tínhamos um grande time, mas duas coisas nos ajudaram a ganhar algumas partidas, o Gasolina, um forte lateral direito, chute fortíssimo, e principalmente um rapaz com apelido de Zé Pinguinha, que acompanhava nosso time e apitava os jogos quando os adversários assim o permitiam.
Certo domingo, o Gasolina faltou ao jogo e durante a partida coube a mim cobrar uma falta, por sorte fiz o gol. No domingo seguinte nova falta e novamente fiz o gol. Minha fama de batedor de faltas começou a crescer.
No outro final de semana jogávamos contra um time da Vila Ede. Claro que o juiz era o Zé Pinguinha. Trinta minutos do 2° tempo e o placar continuava 0x0, repentinamente o juiz inventa uma falta a nosso favor próxima a grande área. Eu já me preparava para cobrar a falta quando o juiz apitou o meio de campo. O adversário não entendeu nada daquilo que estava acontecendo, foram questionar o Zé Pinguinha e ele muito calmamente deu a explicação. O Paquito já fez um gol de falta no domingo retrasado, fez um outro gol no domingo passado, para que perder tempo? Já que ele iria marcar mesmo o gol, antes mesmo de ele bater a falta resolvi dar nova saída.
Bem, nem preciso dizer que a partida não terminou, não é?!

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