Dia desses fui a Campinas. Cedinho, tomei o ônibus da Viação Cometa no Terminal Rodoviário do Tietê. Fiz esta viagem de ônibus, porque já não conheço Campinas como conheci no passado e achei melhor não arriscar; não me perder.
O fato de estar no terminal, e isto é inevitável para quem a conheceu, me trouxe à lembrança a outra rodoviária, a antiga da Júlio Prestes, a da “boca do lixo”. Quantas viagens eu fiz a partir dali! O fato de ser na boca não me impressionava; muito pelo contrário, o local me parecia chique, com sua escada rolante. Do segundo andar, onde se localizavam as bilheterias, ficava olhando os ônibus que partiam, gostava de ver os itinerários e as caras das pessoas que iam. Viajar – ambientes de viagem – pra mim sempre foi uma emoção.
Lembro-me especialmente de uma viagem realizada em1968 ou 1969 às vésperas do natal, quando eu, minha mãe e meu irmão chegamos à rodoviária e não havia mais passagens para o horário que havíamos planejado. Teríamos que esperar cerca de duas horas para o embarque e, na falta do que fazer fomos ao Jardim da Luz passear (ideia luminosa esta do meu irmão; Trago deste passeio a mais suave das lembranças eternizada em uma foto feita por um fotógrafo lambe-lambe. Na foto, eu, ele e minha mãe que já se foi).
Desta viagem, da chegada ao destino quero dizer, lembro pouco, mas o curto espaço de tempo que permanecemos no Jardim da Luz de então jamais me sairá da lembrança. Eu vestia uma blusa verde – na foto em preto e branco isto não aparece claro, mas eu sei – que minha irmã tricotou pra mim.
Era uma tarde bonita, de sol aberto. Havia um sentimento de alegria e as pessoas passeavam calmamente como talvez só seja possível passear em nossa recordação.
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