Você sabia que na cidade de São Paulo existe uma balsa que atravessa um braço de “mar”? Se você já sabia, talvez esta crônica não lhe traga maiores informações, mas em caso oposto, creio que o assunto despertará sua curiosidade.
Apesar da balsa existir a muito tempo, noto que ela é praticamente desconhecida pela maioria dos moradores desta cidade, apesar de ser uma de suas “jóias”. Vamos, pois, conhecê-la através de um passeio que fiz em um dos últimos fins de semana.
Sou um andarilho que gosta de efetuar longas caminhadas em locais de densa vegetação. Estes locais existem nas cercanias de São Paulo e este passeio é para um destes locais. Como bom andarilho solitário não saio de carro para fazer caminhadas em locais distantes, porque posso ser obrigado a estacionar em local ermo, para depois iniciar o passeio e além disso sou obrigado a retornar ao ponto de origem, o que às vezes limita o passeio. Por isso, tomei condução coletiva. A linha da CPTM que margeia o Rio Pinheiros foi recentemente estendida em mais três estações sendo a última de nome Grajaú, construída juntamente com um magnífico terminal rodoviário urbano onde desci e tomei o ônibus Ilha do Bororé, que parte do terminal a cada trinta minutos. Após rodar uns quinze minutos por bairros densamente populosos cheguei à beira da Represa Billings, que foi transposta pelo ônibus através de uma simpática balsa, atingindo o bairro de Bororé. Imagine a agradável sensação de estar a bordo de um ônibus urbano, igual aos que vemos todos os dias pela cidade, saindo de uma área densamente povoada, para na outra margem entrar em um bairro rural com escassas casas e chácaras, abrigadas pela densa mata atlântica. Em um cenário belíssimo, o ônibus segue pela estrada rural que tem o nome de Estrada de Itaquaquecetuba – não confundir com a cidade de mesmo nome – e faz seu ponto final junto à próxima balsa, que marca o limite entre os municípios de São Paulo e São Bernardo. Foi hora de descer e encarar os caminhos e trilhas a pé. Quando chegou o cansaço, voltei ao ponto final do ônibus, onde saboreei na lanchonete local um gostoso sanduíche a preço módico, e iniciei o retorno para casa, satisfeito com a aventura do dia.
Na caminhada senti que a região está ameaçada pelo crescimento da cidade, já havendo sinais de degradação e grilagem de terras. Por outro lado senti também que ela está sendo contida e que o sentimento ecológico de não se perder aquele paraíso é muito forte! Que Deus ilumine as autoridades a não permitir a destruição deste patrimônio.
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