Hospital Infantil Menino Jesus

Meu objetivo era ser pediatra. Quando terminei meu curso de Medicina desejava fazer residência em um dos grandes hospitais infantis de São Paulo. Inscrevi-me no Hospital Infantil Darcy Vargas, no Morumbi e no Hospital Infantil Menino Jesus na Bela Vista, no chamado Morro dos Ingleses. Acabei optando pelo segundo, bem mais próximo do centro da cidade e que contava com profissionais de larga vivência na clínica pediátrica.

O hospital dispunha de uma grande área física distribuída por cinco pavimentos. Boas enfermarias, inclusive para recém nascidos e dependências para doenças infecto contagiosas, laboratório muito bem equipado, serviço de diagnóstico por imagem, equipe de enfermagem competente, enfim, todas as condições para um bom atendimento aos pequeninos pacientes. O diretor administrativo naquela época se chamava Rosemburgo (?) e o diretor clínico era o professor Osvaldo Cruz, homem de uma cultura médica extraordinária. Sabia tudo. Sua equipe era formada por médicos com vasta experiência. A maioria tinha consultórios na cidade ou nos bairros; outros eram professores na Universidade de São Paulo ou na Escola Paulista de Medicina. Um timaço!

Éramos apenas seis residentes e toda aquela magnífica estrutura estava à nossa disposição. Meu companheiro de estudos e de saídas para a cidade nos fins de semana era o Jurandyr Zucchi. Grande e inesquecível amigo com quem trabalhei durante um ano em sua cidade natal, Rio Claro, no interior paulista. Depois disso nos separamos e cada qual seguiu seu destino, mas nunca me esqueci desse generoso amigo que muito me ajudou no inicio da vida profissional. Grande abraço, querido companheiro, onde quer que você esteja.

Foi um ano de muita dedicação, de muito trabalho e de muito estudo. Os médicos veteranos estavam sempre dispostos a nos esclarecer todas as dúvidas, que eram muitas. Os doutores Zerillo, Garagnani, Zucolotto, Alexandre Médici, Vitória Martin, José Pinus, Marcondes e a simpaticíssima chefe do laboratório, e outros cujos nomes não me lembro, mas que foram, igualmente, importantes na minha formação profissional.

Um nome, no entanto, merece destaque. Jovem e solteiro morava, como nós, no hospital. Culto, inteligente e estudioso o doutor Antonio Foronda foi peça fundamental para nós estagiários, que não lhe dávamos trégua. Calmo, atencioso e extremamente preparado nunca nos recusava seus esclarecimentos de maneira simples, fácil, sem complicações. Não fazia segredos de seu imenso conhecimento que é a marca dos verdadeiros mestres. Depois de tanto tempo só posso dizer: “Obrigado doutor Foronda”.

Sempre evitei neste espaço referências ao meu trabalho, mas depois de três anos e meio de colaboração e mais de cinquenta histórias publicadas eu não poderia deixar de homenagear o Hospital Menino Jesus, que meu deu os instrumentos para que eu pudesse exercer minha profissão com segurança, dignidade, humanismo e muito amor, que sempre carreguei em minha maleta, ao lado do estetoscópio e do termômetro.

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