No bairro Cidade Monções, situado na zona sul da nossa querida Sampa, desde 1949, surgiram vários times de futebol amador e que muitas saudades nos deixaram.
Dentre eles, os mais importantes e que fizeram história no amadorismo foram: Clube Atlético Bandeirantes, que foi fundado pelo Sr. Mário Canolleti; o Grêmio Desportivo Monções, que foi fundado pelo Sr. Américo e membros da família Rocha; e o Grêmio Esportivo Helca, fundado em 1954, precisamente no dia 25 de janeiro de 1954, na minha casa, pelos meus irmãos Pedro e João, pelos meus primos da família Zambotti, Mário Natal e outros companheiros da época.
Na época, eu tinha 10 anos e me lembro muito bem de toda a discussão para a escolha do nome Helca, pois esse nome veio da indústria onde meus irmãos e primos trabalhavam e que ficava no bairro de Campo Belo.
Vou me detalhar mais no Grêmio Esportivo Helca em detrimento dos outros clubes acima mencionados, porque eu vivi a história do Helca deste a sua fundação e o encerramento de suas atividades no final do anos 80.
O nosso campo de jogo, primeiramente, foi em terreno cedido situado na Rua Michigam esquina com a Rua Conceição de Monte Alegre. Com a construção de um mercado no lugar, fomos obrigados a nos retirar e para sorte nossa, tinha uma área municipal situada na Rua Castilho esquina com a Rua Araçaiba, onde tinha uma pequena lagoa e muito mato.
De imediato, procuramos a Prefeitura Municipal de São Paulo da qual obtivemos uma autorização a título precário para ali nos instalarmos. Aterramos a lagoa, limpamos a área toda e cercamos de madeira. Fizemos dois vestiários e arborizamos a volta toda da praça com eucaliptos, que fomos buscar no bairro do Morumbi e que até hoje lá se encontram. Toda mão de obra e despesas garantida pelos diretores e jogadores. Estava pronta a nossa praça de esportes, que foi completada mais para frente com a construção de um galpão, onde fizemos uma pequena cantina para arrecadar fundos para o clube e duas quadras de bocha.
Por lá, passaram muitos jogadores famosos, basta dizer o nosso time de veteranos, que jogava domingo pela manhã, tinha em suas fileiras ex-profissionais como Pinga, Bauer, Maurinho, Canhoteiro, todos eles jogaram em seleções brasileiras. No nosso quadro principal, vários outros jogadores que fizeram nome na várzea paulistana, tais como: Egídio, Doro, Ninho, Esquerdinha, Miltom (conhecido com pai da bola tamanha era a sua categoria).
Poderia aqui citar dezenas de craques que por lá passaram e que deixaram muitas saudades.
Na diretoria, sempre se destacaram este que aqui escreve, que passou por quase todos os cargos até chegar a presidência; o Vicente Pardini, presidente em várias gestões; Pedro Iório, técnico eterno do clube, só deixando o cargo com a sua transferência para outra cidade; e tantos outros que se dedicaram por mais de 30 anos, fazendo do Helca um nome respeitado na várzea paulistana.
Como sempre, o progresso chegou ao bairro e a nossa praça de esportes teve que ser devolvida para a Prefeitura a seu pedido. Aquele local se transformaria em uma praça pública e acabou sendo totalmente reconstruída pela Prefeitura, com a instalação de parques e jardins e uma pequena quadra de cimento para prática de esportes. Mesmo assim, o Helca ficou ali marcado, pois o nome da mesma passou a ser Praça Arlindo Rossi, nome de um associado nosso que fora brutalmente assassinado em um assalto ocorrido em seu mercado.
O nosso clube ainda se aguentou mais um tempo, fazendo seus jogos em campos adversários e acabou encerrando as suas atividades como todos os outros pela falta de espaço que o progresso não deixou, porém a saudade ficou.
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