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Categoria - Outras histórias Uma quarta-feira inesquecível Autor(a): Modesto Laruccia - Conheça esse autor
História publicada em 29/01/2015
Quarta-feira, 26/11/2014, foi um dia em que se deslumbrou alguma esperança no porvir. Amanheceu nublado, com as eternas promessas das futurológicas previsões emitidas pelas rádios e TV de que íamos ter uma chuvinha, de leve, apenas pra molhar as plantas, iguais as emissões de meses e meses atrás. 
 
Com estes anúncios, a reserva da Cantareira, como se fora um panelão de sopa chegando ao fim e os comensais raspando o fundo do tacho. O desespero e a possibilidade de faltar água numa cidade de 15 milhões de habitantes, como a nossa querida cidade de São Paulo, seria o caos, um pensamento tortuoso que há meses vem me torturando.
 
Chegou a tarde e com ela um escurecimento no céu de uma beleza colossal, sim beleza, pois, era prenúncio de chuva, e das boas. De inundar ruas, molhar até os ossos, acabar com a secura de dezena de meses. As plantas de nosso jardim sorriam, a alegria tomava conta de todas elas, das roseiras, manacás, palmeiras, dos lírios, “lágrimas de Cristo” até a árvore na calçada, balançava seus galhos de tanta alegria. 
 
De tanto proteger seus frutos, as folhas da bela parreira no nosso quintal, sequiosa do vermelho nas uvas que começam a trocar de vestimenta, deixando o maravilhoso verde, na sua rigidez viril, pelo rosado doce e saboroso e em seguida para o vinho, tonalidade final.
 
Ela veio, a chuva, bendita seja, caía sobre o asfalto, sobre as casas, sobre os carros, sobre as flores, numa estonteante e maravilhosa liberdade de atingir a quem quer que seja. Num ribombar de tímpanos da sinfônica celeste, elas, as flores, repito, pareciam sorrir, gargalhar num coral metafórico de alegria, agradecendo a Deus as preces atendidas. Sim, preces, se vocês não sabem, as flores, como tudo na natureza estão sempre em contato com seu criador e, à sua maneira, dirigem a Deus rogos numa linguagem compreensível apenas no diálogo divino.
 
Já tinha esquecido o som do pipocar da água tomando conta de todas as brechas, fissuras, canteiros e em seguida, rolar pelas calhas ao redor do telhado, pondo tudo, como é o destino das águas, num nível único, a mostrar como é bela a vida quando processamos isso no nosso cotidiano.
 
Para terminar a quarta-feira inesquecível, a noite teríamos o show de Paul McCartney, símbolo vivo de nossa mocidade. Da época em que, morando na rua do Gasômetro, no Brás, chegando em casa num sábado a noite, depois de uma boa pizza no “O Garoto”, na Celso Garcia, com a Myrte e meus filhos, ao apartamento no 3º andar, ligando a TV ouvimos o apresentador do “Show União” proclamar: “Um quarteto que está fazendo furor em toda a Europa” e, simultaneamente se ouvia: “Help! I need somebody...” 
 
Que maravilha... que coisa linda, meu Deus! E a presença de um membro do famoso conjunto na arena do “Allianz Parque”, no Palmeiras, pô! Meus dois filhos, Maurício e Marcello foram assistir. Cê quer mais do que isso?
 
Quero e vou ter. A quarta-feira ainda não acabou...
 
A noite, depois da novela, ia ser realizado o jogo de futebol entre São Paulo x Nacional, da Colômbia, pela Copa Sul Americana. Não sou são paulino, porém, não gostaria que um time estrangeiro ganhasse em pleno Morumbi. 
 
Terminando a novela, a Myrte me acordou (cochilo sempre), ela não queria ver o jogo. Fico sozinho na sala. Começa o jogo, São Paulo atacando, ia ser fácil. Como disse, sem torcer pro São Paulo, tinha, porém, curiosidade de saber como era o potencial do adversário, Nacional da Colômbia. Eu ainda guardo um pouco de rancor com relação a Alan Kardek, um “traíra”, co-responsável pela situação atual do Palmeiras no “brasileirão”, abandonando o time quando mais se precisava dele, por uns trocados.
 
Terminou o jogo, cumpri minha missão, não desejei o pior pro São Paulo e o tricolor venceu a partida. O resultado final dos pontos leva pros pênaltis. Aí, sim “tirei meu time de campo”, aguardei os nomes dos que iriam bater as cinco tentativas e entre os cinco, lá estava ele, o “traíra”. 
 
Não havia em mim o desejo do tricolor perder os pênaltis, apenas quando o Kardek se preparou pra chutar o dele, olhei firmemente no seu perfil, pensei quase em voz alta: “Você vai chutar fora, na mão do goleiro, a bola vai dar no travessão, seu pé vai entortar, mas você não vai fazer esse gol...” 
 
Estava sozinho na minha sala, quase meia noite, a quarta-feira maravilhosa iria se acabar, vibrei quando o traíra escorregou e mandou a bola pra estratosfera, atingido e varando várias nuvens. O tricolor foi desclassificado e responsabilizo dois jogadores pelo final infeliz: Rogério Ceni e Alan Kardek.
 
Aos meus amigos e colaboradores do nosso site, não me levem a mal, estou confessando apenas o que a grande maioria dos palmeirenses pensou naquele instante e vocês devem levar em conta que a força de pensamentos e desejos, às vezes funciona.
 
 
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Publicado em 10/03/2015

Que lindo parabéns!!!

Enviado por verinha - [email protected]
Publicado em 04/02/2015

Modesto: grande palestrino como eu. Belo texto e ainda enriquecido pelo prazer que tivemos de ver o "traíra" perder a penalidade.

Salve Palestra. Avanti.

Parabéns.

Heitor

Enviado por Heitor Iório - [email protected]
Publicado em 04/02/2015

My brother Modesto , gostei da tua sinceridade , e com a desculpa da falta de chuvas e torneiras quase secando tirastes um sarro dos Bambis .Estou contigo nessa do Kardek e confesso que na hora que ele foi bater , pois estava vendo o jogo desde aqui , vibrei com a perda , pois esse time passou a ser odiado pela maior parte de todas as torcidas , mas pelos seus dirigentes que vivem aliciando jogadores de todos os times com a desculpa que eles sao os mais organizados. Quanto a falta de chuvas nos lugares errados , pois nao e falta dela mas sim no lugares que ele deve cair , e realmente preocupante. Vamos rezar juntos para que Sao Pedro se lembre de Sao Paulo e mande agua porque senao sera um verdadeiro caos para o Brasil inteiro , pois Sao Paulo e a locomotiva do trem brasileiro.Em tempo ! quero parabenizar pelo exelente time que voces formaram e boa sorte daqui para frente (ou melhor depois da proxima segunda feira , porque domingo nos enfrentamos ) E que venca o melhor!

Abracos fratelo mio !!! Felix

Enviado por João Felix - [email protected]
Publicado em 03/02/2015

Depois desta quarta feira de chuva,tantas outras ocorreram e o nosso reservatório está quase zerado,pois as chuvas caem em todos os bairros provocam as maiores enchentes destroem as vidas das famílias batalhadoras que perdem tudo e o reservatório continua sem água...Quem será que pode explicar esta discrepância,como será a vida de todos quando o caus chegar!!!Será que as pessoas tem conciência disso!!!

Enviado por Walquiria - [email protected]
Publicado em 03/02/2015

Como sempre, meu querido Modesto, um texto delicado e muito saboroso. Quando, o início, você fala da falta de água... eu te digo, meu amigo: daqui de Florianópolis eu fico aflitíssima com a situação e tenho acompanhado todo o noticiário com nervosismo e apreensão. Este foi o único início de ano que não fomos visitar a nossa querida cidade. Exatamente por esse motivo. Parabéns pelo texto. Como marca inconstestável do nosso Modesto, um texto suave e lindo. Um abraço.

Enviado por Vera Moratta - [email protected]
Publicado em 02/02/2015

Mo, que lindo texto você produziu, aliás, como soer acontecer. Tua descrição da espera da bendita chuva foi poética. Confesso que não partilhei da sua ficada no muro com o São Paulo, tenho raiva desse time desde antigamente, meu pai, infelizmente, era um sampaulino fanático e intragável e eu ainda alimento uma pequena aversão a esse time e aos seus dirigentes, principalmente o "brimo aidar". Voltei a vibrar com tia torcida ao erro do Kardek que considero bem a cara do São Paulo, igualzinho ao Rogeio Ceni (ou será Cena?).m Enfim, adorei te ler outra vez.Um baccio paesano!

Enviado por Miguel S. G. Chammas - [email protected]
Publicado em 31/01/2015

Modesto, como sempre você pinta com cores vivas e vibrantes a quarta-feira especial, primeiro pela esperada chuva e em segundo pela falha do Alan Kardek (eu também vibrei, não por ser contra o time do São Paulo mas pela ingratidão desse jogador que abandonou o barco quando mais se precisava dele),parabéns pelo texto.

Enviado por Nelinho - [email protected]
Publicado em 30/01/2015

CARO MODESTO, eta boquinha santa,

o ALAN KARDEK foi horrível ao cobrar o pênalti.

isso também foi praga do porco verde.

agora o palmeiras vai com OSVALDO DE OLIVEIRA, e as contratações.

Enviado por João Cláudio Capasso - [email protected]
Publicado em 30/01/2015

Laruccia – As noticias de tufões nos países asiáticos, palavras novas que eu desconhecia como “tsunami” que chegaram para arrasar vários continentes, terremotos no Japão, na terra santa homens/mulheres bomba, na África a peste e as guerras entre as etnias locais. Está chegando o pior para nos Brasileiros, que estávamos acostumados com a nossa boa vida e com o nosso pensamento que “Deus” é Brasileiro. Onde iremos parar sem água é a pergunta do momento! Esquecendo de todos esses problemas Modesto, está ai um autentico Brasileiro que até nesse momento de preocupação de todos nós transforma essas más notícias em poesia, e acha tempo ainda para assistir futebol do time do coração. Lindo texto – Forte abraço – Aureliano ...

Enviado por José Aureliano Oliveira - [email protected]
Publicado em 30/01/2015

Modesto, belo texto, onde torcer contra é apenas força de pensamento, sem agressão, sem palavrão, seria bom assim nos estádios, mas aqui entre nós se força de pensamento ganhasse jogo, Corinthians e Flamengo ganhariam tudo, assim como a macumba, os time da Bahia seriam imbatíveis, abraços e parabéns,Estan.

Enviado por Estanislau Rybczynski - [email protected]
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