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Categoria - Outras histórias Velhos tangos, velhas lembranças Autor(a): Nelinho - Conheça esse autor
História publicada em 20/01/2015
Em uma antiga casa, na Rua Lino Coutinho, no quarteirão entre as ruas Lucas Obes e Almirante Lobo, meu tio Luiz mantinha no barracão dos fundos uma pequena oficina. Ele era mecânico de manutenção da antiga Fiação Ypiranga Assad - hoje já extinta. No seu lugar existem vários conjuntos de apartamentos). 
 
Nesse local, também ficava a velha bicicleta que ele me autorizava a usar mas, com a recomendação de tomar muito cuidado. Para poder usufruir da bicicleta eu tinha que ajudar na montagem de um tear, que ele estava montando por conta própria com peças que ele mesmo mandava fazer.
 
Tinha eu, na época, pouco mais de 10 anos e, por volta das 16h já me dirigia à casa do Tio Luiz. Eu gostava de mexer nas ferramentas e essa era a hora que ele voltava do trabalho. Ele chegava e a primeira coisa que fazia era ligar o rádio na Bandeirantes para ouvir o programa denominado RE-FA-SI que só tocava tangos argentinos (na época a música portenha era muito divulgada).
 
É por isso que hoje eu gosto muito de ouvir os velhos tangos interpretados por Carlos Gardel, Libertád Lamarque, Hugo Del Carril, inclusive tenho vários CDs do Gardel. Por coincidência, tenho um vizinho que quase todas as noites toca seu piano. Na última quinta-feira, tive o prazer de ouvir uma seleção de tangos que ele tocou, fechei os olhos e logo me vieram à mente os felizes momentos que passei na minha infância e ainda soam em meus ouvidos os acordes das músicas daquele tempo: 
 
"Volver, con la fronte marchita... las nieves del tiempo platearon mi sien..."
 
"Golondrinas de um solo verano, con ansias constantes de cielos lejanos...” 
 
"Ya no tengo la dulzura de sus besos, vago sola por el mundo sin amor, Otra boca más feliz será la duena, de sus besos que eran toda mi passión...” 
 
"Adiós muchachos, companeros de mi vida, barra querida de aquellos tiempos, me toca a mim hoy emprender la retirada, debo alejarme de mi buena muchachada...”
 
"Caminito que el tiempo ha borrado, que juntos un dia nos viste pasar, he venido por última vez, ha venido a contarte mi mal....." 
 
“Eche, amigo, no más; écheme y llene, hasta al borde la copa de champán, que esta noche de farra y de elegria, el dolor que hay en mi alma quiero ahogar...”
 
"Si supieras que aún, dentro de mi alma, conservo aquel carino, que tuve para ti....”
 
"Inútil pesimismo, deseo de estar triste, mania de andar siempre pensando en el ayer, fantasmas del passado que vuelven y que insisten, cuando en las tardes tomo mi taza de café...." 
 
Lembrei-me também dos salões de baile que freqüentei, já na mocidade, onde também lutava para dançar o tango com floreios, mas não consegui muito sucesso.
 
Recordei as noites do antigo Piratininga, um salão de bailes que ficava num sobrado na Rua da Moóca, lá conheci um dos melhores dançarinos de tango, seu nome era Mário, hoje infelizmente já falecido.
 
Velhos tangos, velhas lembranças que às vezes teimam em povoar meus pensamentos, mas que me trazem momentos de alegria que se foram e não voltarão jamais.
 
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Publicado em 31/01/2015

Felix, desculpe a falha, esquecí de citar um trecho do tango "Garufa" e também do "Por Una Cabeza", duas jóias da música portenha,gostei muito de seu segundo comentário, obrigado pela atenção.

Enviado por Nelinho - [email protected]
Publicado em 29/01/2015

Nelinho, não sei se tú se lembras mas nos anos 50 existia um programa de radio c/ o nome de Tangolero, o apresentador tinha uma vóz feia, rouquenha, mas as musicas éra de primeira, era uma miscigenação de tango e bolero, de primeirissima qualidade,jamais esquecerei aquele programa, tanto é verdade que a maioria das pessoas da época cantavam naturalmente tangos e boleros,. Muito bom voltar a ouvirem falar dessas musicas, parabens Nelinho gostei. Marquezin

Enviado por João Marquezin - [email protected]
Publicado em 29/01/2015

Nelinho, não sei se tú se lembras mas nos anos 50 existia um programa de radio c/ o nome de Tangolero, o apresentador tinha uma vóz feia, rouquenha, mas as musicas éra de primeira, era uma miscigenação de tango e bolero, de primeirissima qualidade,jamais esquecerei aquele programa, tanto é verdade que a maioria das pessoas da época cantavam naturalmente tangos e boleros,. Muito bom voltar a ouvirem falar dessas musicas, parabens nelinho, gostei. Marquezin

Enviado por João Marquezin - [email protected]
Publicado em 27/01/2015

Nelinho: com dizia o velho poeta "recordar e viver".

PArabéns.

Heitor

Enviado por Heitor Iório - [email protected]
Publicado em 24/01/2015

Que delícia, apreciar suas músicas preferidas ao piano, interpretadas por um vizinho, isso que é privilégio. Parabéns Nelinho.

Enviado por Julia Poggetti Fernandes Gil - [email protected]
Publicado em 22/01/2015

Nelinho voce nem imagina as lembrancas que despertou em mim com esse texto. Como era muito tarde fui para a cama pensando nele e cheguei ate a sonhar com aqueles velhos tempos do Braz. Eu um dia destes vou contar algumas das minhas peripecias da juventude la no bairro com a Rapaziada do Braz das serenatas que eu fazia para minha noiva pelas 4 da manha depois de voltar dos bailes . Eu gostava do tango mas nao so dele porque nos anos 50 os boleros tambem reinavam e era esse o ritmo que usava nas minhas serenatas. Mas voltando a sua cronica lembro do quanto o Gardel era idolatrado pelos jovens brasileiros que com sua morte tragica naquele dia de Sao Joao de 35 , todos se tranvestiam a moda gardel com aquele chapeu meio virado do lado da cabeca seus lencos e cachecol incofundiveis , e ate a giria portenha a gente usava , lembro que a gente definia as quantias como dez mangos em vez de dez mil reis ou cruzeiros . Gita era o termo que usavamos para dinheiro e tantos outros termos que nao me vem na memoria no momento , mas que era a idolatria que todos tinham por ele .E ai comecaram a despontar os bons cantores imitadores dele como o Hugo Del Carril dentre outros e o brasileiro Carlos Lombardi para nao me prolongar muito no meu comentario.Mas voce tocou no fundo mesmo quando citou o Piratininga . Voce sabe que numa das ultimas idas ao Brasil fui ate o fim da rua Piratininga caminhando para rever coisas do passado como o predio do cine Ideal. Cinema que assitia os seriados domingeiros o predio ainda esta la como um deposito de maquinas , e fui ate a esquina com a rua da Mooca e o Piratininga com a mesma fachada meio corroida continuava firme la. Mas quando voce citou o nome do Mario isso me emocionou . O Mario eu conhecia desde menino na Rua Caetano Pinto nao tenho certeza se ele nasceu la mas morava no cortico do Santo Antoninho chamado assim porque tinha uma imagem de Santo Antonio na entrada que era iluminada a noite , e era uma parada obrigatoria nas procissoes da Nossa Senhora do Cassaluce no meses de Junho. Como dancava o Mario. Ele era sempre um show a parte .Lembro que a gente parava de dancar e abria a roda nas horas do tango.Mas realmente quando eu gostava mesmo era ver ele dancar o Frevo em bailes carnavalescos, descalco e com um pequeno guarda-chuva fazia miserias .O Mario era homossexual mas na briga ele era muito macho eu vi ele, numa pernada mandar tres ou quatro pro chao na pista de danca la mesmo no salao Piratininga quando queriam se engracar com ele , e quando isso acontecia sempre tinha os amigos dele cobrindo qualquer ameacas , mesmo porque ele nao precisava de ajuda. A gente la na Caetano Pinto tinha medo dele porque sabia quando ele abria a boca que ele era viado , mas desses que nunca levavam desaforo para casa.Ele era costureiro e andava sempre com um centimetro encolvido no pescoco.Em 2010 o Rubens Ramon Romeiro antigo escritor deste nosso Site me contou que ele foi assasinado com uma facada no peito na baixada do Glicerio num daqueles predios que a gente no meu tempo de taxista chamava de treme-treme donde ele morava num apartamento proprio , triste fim de um grande dancarino. Quanto aos tangos que voce cita no texto tenho todos em long plays e voce nao nao cita um que descreve a vida de um otario portenho que se da de un rana fenomenal e donde a giria portenha impera na letra da musica :Del bario la mandiola sos el marrana y te jaman GARUFA por lo bacan , tenes mas pretenciones que un bataclana que ubiera echo sucesso con un gotan . GARUFA pucha que sos divertido , Garufa vos sos un caso perdido . Tu vieja dice que sos un bandido porque supo que te vieran , la otra noche en el parque japones . Nelinho e assim vai meu coracao morrendo de lembrancas , desculpe se eu me excedi nos meus comentarios me perdoa mesmo mas essa cronica mexeu mesmo com minhas lembrancas do velho bairro do Braz do velho Piratininga dos velhos tempos ,dos distantes anos cincuenta. Abracos Nelinho e desculpe mais uma vez Abracos John Felix

Enviado por João Felix - [email protected]
Publicado em 21/01/2015

Felix, o Mário realmente era conhecido como "Mário Viado" mas era realmente um grande bailarino e muito querido pelos frequentadores do velho Piratininga, que bom que você gostou do relato, abraços.

Enviado por Nelinho - [email protected]
Publicado em 21/01/2015

Belos tempos...belos dias...eles não voltam, mas temos um tesouro que são as recordações...

Enviado por Walquiria - [email protected]
Publicado em 21/01/2015

Nelinho, a saudade que o tango nos inspira é a emoção que chega a surpreender o próprio argentino. Eles podem até saber que o tango era muito ouvido aqui, em São Paulo mas não com tanto entusiasmo. Me lembro dos programas do Ricardo Dias, na rádio Panamericana, (Jovem Pan), era Carlos Gardel, Hugo Del Carril, Juan D'Arienzo i su típica, Libertad Lamarca, Francisco Canaro e muitos nomes que agora nos escapa. Seu texto é, no mínimo, maravilhoso Parabéns, Nelinho.

Laruccia

Enviado por Modesto Laruccia - [email protected]
Publicado em 21/01/2015

Nelinho ja sao quase 3 horas da manha aqui no meu horario precisamente 2:48 estava vendo televisao e abri o Site agora para ver o que havia sido publicado ,alias fazendo um pequeno comentario o nosso Site esta bem devagar , acredito que tem muita gente em ferias pois e verao ai no Brasil e todos teu seu direito . Mas voce provocou tantas lembrancas em minha mente com sua texto que nao da para fazer um comentario somente com algumas linhas do que o meu coracao sentiu dos meus velhos tempos , da rapaziada do Braz a quem eu pertencia.Anos 50 anos de velhas lembrancas e com a sua permissao quero fazer um longo comentario sempre respeitando o texto que e teu so teu mas nao da .Tenho que usar a tua cronica para esbaldar minhas lembrancas e falar do Piratininga que voce cita ( o Mario viado que a gente parava e fazia uma roda para ver ele dar aulas de tango com a parceira dele) A gente deve ter se cruzado muitas vezes nesse salao. Eu tenho que ir para a cama , pois com a difereca de horario que sao de 3 horas ja tem gente acordando ai em Sao Paulo. Amanha eu continuo sempre com sua permissao Nelinho este Site e para isso mesmo recordar. E recordar nao e so viver mas reviver.Abracos Felix

Enviado por João Felix - [email protected]
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