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Categoria - Outras histórias Sapato azul, sapato vinho, moeda perdida Autor(a): Jorge Gilson - Conheça esse autor
História publicada em 18/11/2014
Era office boy, trabalhava na Ultragaz  (na Brigadeiro Luis Antônio, na Bela Vista), e morava no Mandaqui. Já estava atrasado e sai correndo. 
 
Peguei o expresso tartaruga (o trólebus antigo 105 Mandaqui - São Bento). Depois peguei o 922 (Bairro do Limão - Jardim Paulista), subi até o 9º andar para bater o cartão e já levei uma bronca.
 
Trabalhei que nem gente grande aquele dia. 17h30 - final de expediente e a surpresa: as nove secretárias de diretoria com quem eu trabalhava, vieram me parabenizar por ter a coragem de lançar a moda.
 
O dia inteiro trabalhando com um sapato azul escuro e outro vinho. Com 17 anos, aquilo era uma tragédia. Fiquei imaginando quantas pessoas riram de mim, falaram, fizeram piadas, etc.
 
Mas pensei, agora é tarde e Inês é morta... “Vamô que vamô!”
 
E lá fui eu...
 
Peguei o 922 e desci a Brigadeiro. Passamos pela Sé e entramos na Boa Vista, já sabendo que aquele trecho até o largo São Bento levaria pelo menos 20 minutos e não tinha choro nem vela.
 
Porém, a danada da rua Boa Vista naquele dia estava totalmente livre. O cachorrão do motorista se empolgou e achou que estava em Interlagos... Chegou no largo São Bento em segundos. Freou bruscamente, tava tudo embolado e todo mundo foi pro chão... cáspita!
 
Mas tudo bem, enfim ia pegar o 105 mais vazio. Entrei no trólebus e fui passar a roleta. Me ferrei de novo... a moeda de 0,50 (preço da passagem), não estava no bolso. Até hoje eu acho que caiu no outro ônibus.
 
Olhei pra um lado e outro e nada de ver alguém conhecido para me ajudar a não passar por aquela humilhação.
 
Ninguém apareceu afinal! Eu estava com o ônibus "adiantado", porque não houve congestionamento na Boa Vista e a turma que ia sempre comigo, provavelmente, ia tomar o próximo ônibus.
 
Não tinha saída e tive que contar pro simpaticíssimo cobrador desconhecido.
 
Ele muito generosamente gritou aos quatro ventos que tinha que falar com o fiscal no ponto final, lá no Mandaqui.
 
Acontece que eu morava no Alto de Santana. Fui até o fim, falei com o fiscal, contei o acontecido e ainda culpei a cmtc pela direção do motorista do outro ônibus.
 
O cobrador defendeu o colega da outra linha, esperneou, gritou, mas não teve jeito. O fiscal foi com a minha cara e mandou entrar pela frente, voltar imediatamente e descer onde quisesse.
 
Claro que antes ele ficou olhando para meus pés. Acho que me tirou por doido.
 
Legal foi a cara do cobrador, pois eu voltei no mesmo ônibus, de graça e desci onde quis. O motorista ainda pediu desculpas pela falta de educação do bisonho.
 
Nestas palavras, rs.
 
E eu nem lembrava mais dos sapatos diferentes.
 
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Publicado em 24/11/2014

Jorge, quando se tem 17 anos, tudo vale, tudo passa e até tudo compensa. Mesmo toda esta saia justa que você passou.

Enviado por Marcos Aurélio Loureiro - [email protected]
Publicado em 21/11/2014

Conhecendo como conheço o centro de São Paulo, posso imaginar suas peripécias em enfrentar os caminhos e os ônibus nas trajetórias que vc menciona. Com os sapatos trocados, com a falta de uma moeda, tudo leva a uma crônica bem divertida, bem humorada e bem contada, com pitadas de ironia saudável, sem nenhuma intenção de se humilhar por ser sincero. Parabéns, Jorge.

Modesto

Enviado por Modesto Laruccia - [email protected]
Publicado em 19/11/2014

Ótimo, o seu texto, ri muito, mas de vez enquando acontece, até nas melhores famílias.

Enviado por Julia Poggetti Fernandes Gil - [email protected]
Publicado em 19/11/2014

Jorge eu acho que o Falcão copiou de você essas indumentarias esquisitas começando pelo sapatos. Risos - Acredito que todos nós tivemos durante a nossa vida um dia de cão. Abraços ...

Enviado por José Aureliano Oliveira - [email protected]
Publicado em 18/11/2014

Jorge, você ainda teve sorte de encontrar um fiscal que compreendeu a situação e autorizou você a seguir viagem, quanto aos sapatos diferentes acontece quando estamos atrazados, parabéns pelo texto.

Enviado por Nelinho - [email protected]
Publicado em 18/11/2014

A muitos anos atrás viajava em outro País quando entrei em uma loja de departamentos com a blusa de lã vestida no avêsso.Eis que a atendente me olhou com um sorrizo e disse:Eu não sabia que no Brasil era esta a moda acho que logo chegará aqui,eu acho um pouco estranho,mas se é a moda vamos usar...Acredito que faltou alguém para lhe dizer que calçar um sapato de cada côr estava na moda...

Enviado por Walquiria - [email protected]
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