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Categoria - Outras histórias Santo Amaro e o autocine - A rota do amor Autor(a): Estanislau Rybczynski - Conheça esse autor
História publicada em 03/09/2014
Santo Amaro sempre foi uma região privilegiada em todos os setores: comercial, industrial, biodiversidade na fauna, na flora; tem a caixa d’água da cidade São Paulo; um turismo rico na represa de Guarapiranga; tem favelas e tem os condomínios milionários; enfim, aqui convive o maior e o menor, rico e pobre e um mix de culturas diversas.
 
No caso dos entretenimentos, Santo Amaro também foi o primeiro bairro a ter um autocine, o primeiro do Brasil, uma novidade para a época. Ficava na Av. Santo Amaro, em frente ao Banespa e do monumento “Borba Gato”. Foi aberto em 19 de Setembro de 1968 e sua inauguração foi em grande estilo, porque assistir a um filme de dentro de um carro era o máximo na época. Permaneceu ali até final dos anos 1970 e hoje, nesse mesmo local, se encontra o supermercado Pão de Açúcar.
 
Foi batizado de Auto cine Snob’s. Os filmes eram os mesmos que eram exibidos nos cinemas centrais da cidade, como Marabá, Ipiranga, Metro e outros, com a vantagem de não sair do carro, não pagar estacionamento e o garçom ainda trazia aos cinéfilos as bebidas e comidas.
 
Nessa época, Santo Amaro recebia muitos turistas, devido a Represa Velha de Santo Amaro, depois batizada de Guarapiranga. Esses locais tinham uma visitação grande, alguns as chamavam de rota do amor, assim como hoje é conhecida a Rodovia Raposo Tavares, pela grande quantidade de motéis. Talvez esse o motivo de tantos autocines, drive-in e salões de bailes, concentrando-se pela antiga Estrada de Santo Amaro, hoje Av. Washington Luiz, Av. Vitor Manzini, Av. De Pinedo, Av. Atlântica e outras de menor importância... Depois esse tipo de entretenimento espalhou-se em nossa região e se alastrou por toda a cidade.
 
No autocine, os carros paravam em filas para adentrar ao pátio e lá dentro ficavam ao lado dos alto falantes em forma de cogumelos, de onde se pediam comidas e bebidas, para acompanhar o filme. Os pedidos vinham em uma bandeja, que ficava enganchada no vidro do carro.
 
Como já dito, o autocine ficava na Avenida Santo Amaro, onde hoje existe o supermercado Pão de Açúcar, com entrada pela Rua Estilo Barroca, antiga Rua XV de Novembro. No início, a entrada era pela própria Av. Santo Amaro, mas como havia muita fila e atrapalhava o trânsito, foi transferida para a rua paralela.
 
Nessa época, ainda bem jovem, entrando nos dezoitos anos, passava todos os dias em frente, de ônibus. Aquela imagem chamava a atenção de todos e a vontade de entrar era grande, mas para quem não tinha carro, ficava só o desejo. Íamos em cinemas normais do próprio bairro.
 
Cheguei a ver grandes carros entrarem com várias pessoas, como a Kombi, por exemplo. Era uma oportunidade para mim, mas para quem não tinha amigo que tivesse um veículo e nem namorada, ficava difícil... Imaginava um dia ir a esse local.
 
Depois de alguns anos, em 1970 um novo autocine abriu em Santo Amaro, o “Moon Autocine” na Avenida Interlagos, esquina com a estrada de Campininha, atualmente Av. Sargento Geraldo Santana, que era maior que o Snob’s, com capacidade para mais de 300 carros - hoje é o Extra Supermercado e tem em frente a atual Universidade Ibirapuera. Infelizmente, durou pouco tempo, logo depois transformou se em motel.
 
Até que um dia, nesse mesmo ano, creio que um mês logo após a conquista brasileira do tricampeonato mundial, sai com um amigo e duas colegas. Resolvemos entrar para vermos como era. Havia campainhas para chamar os garçons, e os alto falantes podiam ser instalados dentro dos carros, para que os clientes controlassem o volume do som.
 
A capacidade do local era de aproximadamente 250 carros, a tela de projeção ficava fixada sobre uma parede feita de concreto armado em colunas, com a altura de uns quinze metros. A tela tinha uns dez metros de altura por vinte de comprimento. Era oferecido até um líquido especial para ser passado no para-brisa do carro, com o objetivo de evitar que os vidros ficassem embaçados. Foi boa essa experiência, entendi depois de algum tempo o porquê desse tipo de entretenimento durar pouco tempo. 
 
No início, muitas famílias iam a esse local, porém muitos jovens, principalmente, usavam esse espaço para “namorar” de forma inconveniente. O local parecia que sofria de abalo sísmico, a maioria dos carros “tremia” muito, e isso fez com que as famílias se retirassem e não retornassem mais. Mesmo com lanterninhas mais rígidos, jogando farolete nos rostos dos ocupantes e dando broncas, não adiantava. Dessa forma a maioria transformou-se mesmo em drive-in. Hoje, quase em desuso pela grande maioria, proliferam motéis para todos os gostos e bolsos.
 
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Publicado em 12/09/2014

Amigo Estan,otima lembrança fui algumas vezes pois não tinha outro lugar para o amor sós e ainda mais"legal" era o lanche e a bebida no vidro do carro,só alegria e muito "love". um privilégio de poucos pois tinha que ter carro ou os "paú veio" da época, Estan dei uma viajada na história. Podemos dizer que o começo dos moteis foi nesse periodo ou um pouco mais adiante.

O amor é sempre lindo na casa do Armindo assim como tudo é suave na nave.

Valeu Estan!

Enviado por Vilton Giglio - [email protected]
Publicado em 09/09/2014

Fui algumas vezes em auto cine quando meu primeiro filho ainda era bebê.Ele dormia igual uma pedra no banco de trás,enquanto a gente assistia ao filme ,como ele era muito bonzinho a gente podia fazer isso,mas depois com os outros já não deu mais...

Enviado por Walquiria - [email protected]
Publicado em 08/09/2014

Stanislau, tive oportunidade de conhecer o Snob's Auto Cine, eu e minha esposa visitamos aquele cinema numa noite fria de junho e assistimos ao filme tranquilamente no meu "Gordini III", bons tempos caro Stan, parabéns pelo texto.

Enviado por Nelinho - [email protected]
Publicado em 06/09/2014

Legal, realmente eram comuns estes auto-cines, até tinha me esquecido deles. Mas achei ótima a analogia que você fez entre o namorar e o abalo sísmico. O chão tremia e a população aumentava.

Enviado por Marcos Aurélio Loureiro - [email protected]
Publicado em 04/09/2014

Estanis sempre nos apresentando um bairro com as suas peculiaridades. Um abraço.

Enviado por Vera Moratta - [email protected]
Publicado em 04/09/2014

Mais um relato sobre Sto. Amaro, do nosso colaborador detalhista, Estanislau Rybczynski, desta vez, sobre cinema ao ar livre. Num apanhado da época dos fins dos anos 1960 pra 1970, ocorreu esse lançamento atraindo milhares de pessoas a "novidade". Texto bem distribuido, amplos detalhes dão a crônica do Estan uma precisa informação aos interessados. Esse tipo de atração me fez lembrar que 'a mais de 70 anos, havia, no Braz o cine Universo que nas noites quentes de verão, abria-se o teto do cinema e podia-se assistir os filmes com "ar condicionado" natural. Gostei de seu relato, Estan, parabéns e um forte abraço.

Laruccia

Enviado por Modesto Laruccia - [email protected]
Publicado em 03/09/2014

Estan. Frequentei algumas vezes esse autocine, da Avenida Sto. Amaro e era assim mesmo como você descreveu. Parabéns.

Enviado por Arthur Miranda (Tutu) - [email protected]
Publicado em 03/09/2014

lindos, tempo conheci,o cinema ao ar livre, depois tornaran-se drivin,

minha amiga maria montou um drivin em santo amaro,ganhou muito dinheiro,

Enviado por João Cláudio Capasso - [email protected]
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