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Categoria - Outras histórias Saudades das Copas do Mundo IV Autor(a): João Felix - Conheça esse autor
História publicada em 10/07/2014

Haja coração!

Meu Deus do Céu, quando será que a gente vai parar de sofrer? 

Tinha já escrito a parte 4 e estou acrescentando esta ressalva, que atesta o título da minha crônica. “Que saudades das velhas copas”, quando podíamos assistir aos jogos da seleção com mais tranqüilidade, sem tanto sofrimento.
 
Não sei o que esta por vir até a final. Se e que consigamos chegar à semifinal, embora, se isso acontecer, pelo menos não vamos ter a repetição de um novo “Maracanaço”, pois o Uruguai já se foi. 
 
Mas acho no jogo contra o Chile atingimos os limites de ansiedade, de sofrimento. Pensei que eu ia ter um treco, quando, bisonhamente, preparamos o lance para o Chile empatar o jogo. E aquela ultima bola na trave na prorrogação faltando 2 minutos para o fim, então nem se fale! 
 
Eu realmente sinto muitas saudades daqueles times de outrora, onde a raça imperava, e não dependíamos de um craque só para ganhar um jogo. Ainda bem que o atleta em que menos eu confiava salvou a pátria amada Brasil... Salve Júlio César!
 
 
México 1970
 
Aí chegou o nosso ano de ouro, e aquela inesquecível seleção que saiu do Brasil desacreditada com a queda do Saldanha para surpresa de todos. Nunca soubemos os verdadeiros motivos. Até hoje ficou no mistério. 
 
Realmente ele era temperamental, mas o Presidente Médici teve alguma coisa com essa decisão, pois numa entrevista, um jornalista disse ao técnico que o presidente gostaria de ver o Dario como titular da seleção, e ele, como “não tinha osso na língua”, respondeu: “eu não peço para escalar o ministério do presidente”.
 
Numa outra ocasião, antes de um jogo do Brasil, em Porto Alegre, um jornalista com um microfone em riste indagou de Saldanha o que ele achava da grama do Estádio Beira Rio. Ele, sem titubear disse: “Não sei, nunca comi grama”.
 
E depois de ter realizado um ótimo trabalho, inclusive classificando o Brasil nas eliminatórias ele (dizem), se demitiu. Acredito que foi demitido. E o escolhido foi o Zagalo, que pegou o time montadinho e foi esse time que foi a sensação do mundial.
 
O mundo todo se curvou diante dela e mais uma vez chegamos a uma final, e uma semifinal que, para nós, foi como uma revanche de dar gosto, pois tivemos a oportunidade de vingar, até certo ponto, aquela derrota que nos doeu tanto em 1950. 
 
E aquele 3x1 no Uruguai nos encheu de esperanças para o título contra a Itália.
 
Só me deu dó de ver o nosso Didi o “folha seca” no banco do Peru nas quartas de final, de quem era o técnico, e ter que ouvir o nosso hino do lado adversário, mas tenho quase certeza que lá no fundo do coração ele cantarolava o hino do país que ele defendeu tantas vezes com muita garra, inclusive como bicampeão do mundo em 58/62.
 
Neste mundial, foram implantadas algumas mudanças para modernizar o futebol mundial. E os juízes começaram a mostrar cartões, amarelo e vermelho, e também cada equipe poderia fazer duas substituições durante as partidas, incluindo o goleiro.
 
Este foi o primeiro ano em que os jogos foram televisionados em transmissão direta via satélite, mas tive que me contentar em ver os jogos só depois das oitavas de final no Madison Square Garden, em Nova York, em circuito fechado, pois os direitos de transmissão aqui tinham sido vendidos a terceiros, e não houve transmissão aberta.
 
Assisti a aquele jogo da Itália contra a Alemanha de tantos gols emocionantes em que a Itália acabou ganhando por 4x3 na prorrogação, pois no tempo normal ficou 1x1, e indo para a final com o Brasil. 
 
Esses jogos foram realizados no mesmo dia (17 de Junho). O Brasil contra o Uruguai, em Guadalajara, e o outro no estádio Azteca, na capital.
 
Dizem as más línguas que os Italianos se desgastaram muito com a prorrogação na quarta-feira e esta fora a causa de não se empenharem ao máximo na final que aconteceu no dia 21 de Junho, somente quatro dias depois. Mas naquele dia, da maneira que o Brasil jogou, não tinha adversário que conseguiria derrotá-los.
 
Naquela semifinal contra o Uruguai quando a FIFA indicou o Estádio Jalisco, em Guadalajara, o delegado do Uruguai se rebelou e disse que eles não aceitariam Guadalajara como local da partida. A FIFA fez uma reunião e o então presidente, Stanley Rous, anunciou que a partida seria mesmo no Estádio Jalisco. O Uruguai esboçou um protesto dizendo que eles não compareceriam. 
 
O presidente da FIFA disse a eles que fizessem uma carta oficial avisando e que ele, imediatamente, convocaria a seleção soviética que havia sido eliminada pelos uruguaios na primeira fase. 
 
Aquilo era um blefe, pois eles queriam que o jogo tivesse sido jogado no Asteca, na cidade do México.
 
Depois daquela magnífica e inesquecível vitória de 4x1 contra a Itália, saímos do Madison Square Garden em carreata fazendo nossa festa brasileira em Nova York em sentido da Times Square, sempre acompanhados pelos policiais atentamente e com nossos pensamentos sempre voltados ao Brasil e aos nossos amigos com quem juntos festejamos tantas outras conquistas lá no bairro do Brás. 
 
A nossa festa nessas ruas estrangeiras eram bem limitadas. E com mais uma estrelinha na nossa camisa de tricampeões, mais uma vez, a taça era erguida aos céus, desta vez pelo Carlos Alberto, agradecendo a Deus pela conquista. Tenho toda essa festa filmada e guardada como mais uma lembrança dessa conquista.
 
Como uma curiosidade dessa seleção brasileira de 70, os cinco jogadores do ataque brasileiro eram todos camisa 10 em seus respectivos clubes: Pelé, Tostão,Jairzinho, Rivelino e Gerson.
 
Também, na volta da seleção, o avião da Varig que os trazia enfrentou um problema mecânico, teve que pousar em Acapulco e lá ficou por algum tempo antes de conseguir decolar novamente e, junto com a definitiva (Jules Rimet), chegar ao Rio de Janeiro trazendo um dos melhores times de futebol mundial naquele momento.
 
 
Alemanha 1974
 
Estávamos com um bom time e perdemos na semifinal para o carrossel holandês 2x0. Aliás, esse foi o único jogo que vi dessa copa, também no Madison Square Garden em circuito fechado, pois o restante dos jogos, acompanhei por radinho de ondas curtas que tinha. 
 
Acabamos ficando com o quarto lugar depois de perder da Polônia por 1x0.
 
Mesmo chegando às semifinais fizemos uma campanha limitadíssima, pois em sete jogos fizemos somente seis gols e sofremos quatro. Além disso, houve muitas divergências entra alguns dos atletas, e, depois da derrota contra a Holanda, dizem as más línguas que o Leão se “pegou a tapas” com o Marinho Peres no túnel que levava aos vestiários, que o culpava pelo gol que havia sofrido na disputa do terceiro lugar para a Polônia. Inclusive também a agressão mútua do Leão com o Luiz Pereira.
 
Ainda assim, o Brasil poderia ter tido um melhor desempenho, não fossem os dois gols perdidos no primeiro tempo do jogo contra os holandeses, um por Valdomiro outro pelo Jairzinho quando o placar ainda estava 0x0. 
 
A Holanda com um time fantástico acabou perdendo para os donos da casa a, Alemanha, que assim conseguia se aproximar do Brasil com duas copas.
 
 
Argentina 1978 
 
Esta para mim foi a Copa mais complicada de todas para eu acompanhar, pois, como estava trabalhando no Circulo Ártico, no Alasca, só podia acompanhar no meu radinho de pilhas de ondas curtas. Apesar de o fuso horário ser de 9 horas para menos, conseguia sintonizar alguns jogos, mas nem sempre as ondas eram favoráveis e, quando não conseguia , telefonava para Nova Jersey para saber dos resultados. 
 
Esta foi a Copa que, em terceiro lugar na colocação, fomos os únicos invictos do torneio. 
 
Arrumaram um adjetivo para nos conformar: fomos “campeão moral”. 
 
E, na final, o carrossel holandês ficou devendo para o seu povo mais uma conquista e os “hemanos”, com uma mãozinha dos peruanos, levaram seu primeiro título.
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Publicado em 01/09/2014

Caro Sr. João Félix,

O seu artigo é muito bem descrito sobre as Copas Mundiais de Futebol.

O fato do Didi como DT do Peru na Copa de 1970 foi muito interessante, mas nesta última Copa de 2014 ocorreu um fato similar no jogo Argentina versus Holanda.

A Rainha atual da Holanda chama se Máxima, ela é nata em Buenos Aires na Argentina e é casada com o Rei da Holanda Willem-Alexander.

Para quem deveria ela torcer neste "match"?

O caso da briga do Leão foi com o Francisco das Chagas Marinho(Marinho Chagas) porque causou o único gol da partida por a mania de jogar muito adiantado. Ele herdou pejorativo apelido de "Avenida Marinho Chagas". Com Luiz Pereira é duvidoso porque tanto Emerson Leão como Pereira jogavam na mesma equipe a S.E. Palmeiras.

Leão foi muito profissional mas sempre teve diferenças com companheiros na sua(dele) carreira como futebolista.

A mais gritante foi com Dr? Sócrates por não querer participar dos após treinos e jogos "reuniões sociais".

Pergunto Leão continua vivendo bem do futebol, onde está o Dr? Sócrates hoje em dia?

Como Sócrates o "velho futebol" teve muitos, como se diz "São os ossos da profissão".

Abraços de Juprelle Bélgica,

Ademar

Enviado por AZLerose - [email protected]
Publicado em 18/07/2014

Felix, querido irmão, não pude comentar antes por motivos de contratempos. Sua descrição a respeito das copas nos deixa com um gostinho de inveja de vc, (no bom sentido) pois, além de morar longe, ainda no Círculo Ártico onde vc podia ouvir, se tanto, uma corrida de pinguins ou uma disputa de leões marinhos. No entanto nos satisfaz com informações sobre as copas como poucos conseguiram. Infelizmente vc poderia fechar com chave de ouro nessa de 2014, mas, repetiu-se a de 1950 com pior resultado possível: 10 a 1 em uma semana. Isso acontece por que insistem com Maracanã, "o templo do futebol brasileiro", diz o locutor da Globo e eu digo, "o túmulo do futebol brasileiro". Um forte abraço, my friend and my brother, parabéns, João.

Laruccia

Enviado por Modesto Laruccia - [email protected]
Publicado em 15/07/2014

Félix, estou escrevendo hoje porque estava fóra de São Paulo, infelizmente eu assistí todos os jogos da copa, desta vez a nossa seleção deixou muito a desejar desde o primeiro jogo, a derrota para a Alemanha então foi uma verdadeira catástrofe, vamos esperar a próxima, parabéns pelop texto.

Enviado por Nelinho - [email protected]
Publicado em 10/07/2014

Felix, excelente documentário, agora quanto a copa de 2014, desaprendemos a jogar futebol, temos jogadores e não temos time,nem esquema tatico é um monte de perdidos em campo, parabéns,Estan.

Enviado por Estanislau Rybczynski - [email protected]
Publicado em 10/07/2014

O Brasil possui nuances que imortalizam e eternizam-se sempre pelas derrotas. Muitos não eram nem nascidos e sempre escutávamos falar da grande derrota por 2x1 contra o Uruguai e que se denominou Maracanaço. Depois de seis décadas outra copa no Brasil e tomamos uma “sapecada” de 7x1 da Alemanha num lastimável Mineiraço. A vingança foi tardia mas recuperou a honra dos homens que lotaram com honra e perderam por um placar natural. Qual foi mais humilhante? Hoje os jogadores brasileiros "fazem a vida" na Europa, ganham milhões, tem garantias vitalícias, não há uma seleção fortalecida dos clubes nacionais, nenhuma base de time brasileiro, é uma verdadeira "legião de estrangeiros" um punhado de jogadores que se aglutinam de tempos em tempos para defenderem teoricamente o Brasil e verdadeiramente o nome da empresa privada CBF e que depois partirão sem deixarem rastros, mas deixando o amargor no único momento em que o povo é patriótico ao torcer pelo "ópio do povo" que o anestesia por completo ao se esquecer de suas reais necessidades. Dirigentes incapazes governam toda a população que só tem como reação a lamentação por possuir governantes tão incapazes. O legado da copa é a dívida que deverá ser quitada depois da festa. Pobre país, pobre povo, enganado desde há muito pelos homens ricos, larápios do poder!

Enviado por Carlos Fatorelli - [email protected]
Publicado em 10/07/2014

João, meu querido, o seu texto está ótimo, muito bem escrito, como é uma das suas grandes características... mas o final da copa está sendo de chorar... um abraço.

Enviado por Vera Moratta - [email protected]
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