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Categoria - Outras histórias Memórias esportivas Autor(a): Nelinho - Conheça esse autor
História publicada em 16/05/2014
A grande alegria da molecada aqui do bairro era assistir aos treinos dos profissionais do C. A. Ypiranga, lá no estádio da Rua Sorocabanos. O campo não tinha alambrado, era protegido por cerca de madeira e nós podíamos ficar bem perto dos jogadores, às vezes até entrávamos no gramado enquanto os craques faziam treinamentos físicos; apesar disso, eu não havia ainda assistido a um jogo de verdade entre o Ypiranga e qualquer outro clube do campeonato, eu estava no 3º ano primário e ansiava pela oportunidade de um dia poder assistir a uma partida oficial do clube.
 
Lá em casa todos tinham predileção por dois clubes: o Palmeiras e o Ypiranga. No ano de 1944, o Palmeiras era o líder do campeonato e no domingo o Alviverde iria enfrentar justamente o Ypiranga. Pela manhã meus tios Olindo e Zézinho, meu pai e um vizinho conhecido pelo apelido de Tonico Sapateiro aventaram a possibilidade de irem ao Pacaembu assistir ao jogo; a conversa começou na calçada da casa da minha avó lá na Rua Lucas Obes, eu fiquei ouvindo o bate-papo e eles combinaram que após o almoço se encontrariam na esquina da Lucas Obes com Linho Coutinho e seguiriam para o estádio.
 
Pensei comigo: vou pedir para o tio Zézinho me levar, falei com ele, meu pai em principio foi contra, mas meu tio conseguiu convencê-lo e lá fomos todos para o estádio, tomamos o bonde até a cidade e no Anhangabaú pegamos o ônibus para o Pacaembu, naquela época os jogos recebiam grande público e havia preliminar; confesso que senti uma alegria indescritível ao entrar pela primeira vez naquele estádio e sentir de perto a vibração da torcida.
 
Foi emocionante ver a entrada dos jogadores no gramado, o Palmeiras jogava com Oberdan, Caieira e Oswaldo, Og Moreira, Dacunto e Gengo, Gonzales, Lima, Caxambú, Villadoniga e Jorginho; o Ypiranga também tinha um excelente time e jogou com Barbosa, Lulú e Sapólio, Laxixa, Ortega e Alcebíades, Duzentosm Canhoto, Plácido, Magri e Rodrigues (esse Rodrigues depois foi para o Fluminense do Rio e posteriormente veio para o Palmeiras, formando a famosa ala esquerda com Jair da Rossa Pinto).
 
A partida foi muito disputada e o 0 x 0 parecia o resultado final, quando faltavam uns cinco minutos meu tio Olindo alertou para a dificuldade de condução na saída do estádio, começamos a descer as escadas certos de que o empate era coisa certa, mas aos 44 minutos o centroavante ypiranguista Plácido fez o gol da vitória do Alvinegro e o Palmeiras foi derrotado por 1 x 0, mesmo assim não ficamos tristes, pois ambos os clubes moravam nos nossos corações. 
 
O Palmeiras foi campeão, o segundo colocado foi o São Paulo, o terceiro foi o Corinthians e o quarto foi justamente o Ypiranga, que poderia ter tido melhor colocação se na rodada seguinte não tivesse sido derrotado pelo S.P.R. por 3 x 2.
 
Depois desse jogo, comecei a ir aos estádios assistir aos jogos do Palmeiras ou do Ypiranga, sempre com meu tio Zézinho e com o Tonico Sapateiro, ambos infelizmente já falecidos, mas torcedores ferrenhos tanto do Palmeiras como do Ypiranga.
 
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Publicado em 22/05/2014

Bela história, Ypiranguista Palmeirense.

Enviado por Julia Poggetti Fernandes Gil - [email protected]
Publicado em 20/05/2014

Pois é Nelinho guarde bem estas lembranças e fique apenas com as saudades...Garanto que hoje em dia temos que pensar muito antes de ir ao Estádio assistir qualquer que seja o time que vai jogar e voltar ileso...

Enviado por Walquiria - [email protected]
Publicado em 20/05/2014

Nelinho, tenho a certeza que teu tio Zezinho fez um grande gesto te levando assistir um jogo do VERDÃO.

Você se tornou um grande torcedor e um excelente contador de historias.

Parabéns

Enviado por Miguel S. G. Chammas - [email protected]
Publicado em 18/05/2014

Nelinho que bela lembranca , pois ir ao Pacaembu nessa idade tao tenra deixa realmente a memoria da gente marcada pelo acontecimento eu tambem lembro da primeira vez que fui ao estadio em 1950 durante a copa do mundo assistir o jogo do Brasil contra a Suica que empatou 2x2 e o Baltazar que era o centro avante do Timao marcou o segundo gool de cabeca . Ainda fui tambem naquela mesma copa assitir o jogo da Espanha contra o Uruguai com meu Avo que era espanhol e como nao poderia deixar de ser torceu para a Espanha e esse jogo tambem terminou empatado 2x2. Parabens pelas lembrancas daquele inesquecivel time do Ypiranga la do comeco da Sorocabanos , lembro bem da sede . Abracos Felix

Enviado por João Felix - [email protected]
Publicado em 17/05/2014

Antes se guardava os nomes dos jogadores, pois os mesmos não "beijavam" várias camisas ao longo de suas atividades esportistas. Sempre a torcida se deslocava alguns minutos antes em direção a saída, pois os campos lotavam na acepção da palavra, hoje nem tanto, pois acabaram com a geral do povo e os ingressos são bem mais caros, estão elitizando o futebol.

Enviado por Carlos Fatorelli - [email protected]
Publicado em 16/05/2014

Times que têm a simpatia de muitos, parecem fadados a desaparecerem ou a não serem grande, haja vista o caso do Ypiranga, Juventus, Nacional e outros..

Enviado por Marcos Aurelio Loureiro - [email protected]
Publicado em 16/05/2014

Nelinho sua historia me trouxe lindas recordações do Velho futebol paulista, das balas futebol, etc. E eu até hoje não me conformo com o fato de um time tão querido por todos os amantes do bom futebol paulista desapareceu dos nossos campos oficiais, uma perda irreparável. Assim como o Velho Leão do Macuco o Jabaquara, o Comercial. Saudades.

Enviado por Arthur Miranda (Tutu) - [email protected]
Publicado em 16/05/2014

Nelinho, repito: quando você fala da rua Lucas Obes, da Sorocabanos e do Ypiranga, o meu pai, lá do céu, aproveita e vibra com os seus relatos. Parabéns, Nelinho, E mais: te agradeço muito por me fazer viver essa grande alegria. Um abraço.

Enviado por Vera Moratta - [email protected]
Publicado em 16/05/2014

o YPIRANGA, EO JABAQUARA ERA DOIS CLUBES MUITO QUERIDOS,

não sei porque o ypiranga foi desativado e nunca mais voltou a disputar um campeonato.

Enviado por João Cláudio Capasso - [email protected]
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