Vou contar uma historia sobre um velho amigo meu, que hoje em dia eu nem sei se ainda está nesse nosso mundo... Atualmente anda morrendo tanta gente que nunca morreu antes, que eu até já estou começando a achar que daqui uns cem anos, já estaremos todos mortos e isso com a minha ótica otimista de ver a vida (risos). Mas voltando a narrativa, eu falava do Ernesto, mas não é aquele Ernesto do samba do Adoniram Barbosa, aquele era conhecido como Arnesto e morava no Brás... Esse da minha narrativa é o Ernesto mesmo, morava na Freguesia do Ó e trabalhava como atendente em um posto de Saúde do Bairro.
Nas horas vagas Ernesto era fotógrafo e também ator, chegou a fazer alguns programas do Silvio Santos, como também alguns filmes.
Durante muitos anos, ele fez fotos de shows e artistas para serem usadas em promoções de teatros e casas noturnas de São Paulo.
Ernesto tinha muitos amigos, e conhecia a maioria dos artistas das casas de shows da nossa capital nos anos 60.
Mas o seu emprego fixo mesmo era aquele exercido no acima citado posto de saúde.
Resumindo, Ernesto tinha um emprego publico, mas descolava uma graninha extra, fazendo bicos de ator e fotógrafo nas horas vagas.
Bom de papo, e sempre muito atencioso, Ernesto foi sempre muito querido por todos os que tiveram o prazer de conhecê-lo.
Um dia ele contou uma historia que até hoje eu não garanto que tenha acontecido. Ele disse que uma vez chegou pela manhã no posto de saúde e depois de colocar o avental branco, de uso obrigatório para todos os funcionários, ele dirigiu-se para o seu local de trabalho. Ao passar pela sala de espera, notou que entre as várias pessoas a espera de atendimento, estava uma gestante sua conhecida e que há muito tempo não via.
Parou a seu lado e depois dos comprimentos eles iniciaram o velho papo de amigos que não se veem há muitos anos, com aqueles velhos: “Como vai?”, “Puxa quanto tempo!”, “ Você não mudou quase nada!” etc., etc..
Durante esse papo, Ernesto notou que na sala de espera além dessa sua amiga grávida, havia mais quatro outras mulheres que também portavam uma gravidez e aguardavam o atendimento do ginecologista de plantão.
Conversa vai, conversa vem, o papo acabou girando sobre a gravidez de cada uma delas. Foi quando meu amigo ficou sabendo que sua amiga estava esperando o nascimento do rebento para 14 de abril.
Talvez motivado por essa última informação de sua amiga grávida ou apenas para ser gentil, Ernesto resolveu inquirir as outras quatro pacientes igualmente grávidas, para saber quais eram as expectativas das mesmas a respeito dos nascimentos de seus filhos.
E assim ele perguntou para a primeira para quando o parto dela era esperando.
Foi com muita admiração e simpatia que todos ouviram da mesma, que ela também esperava a criança para o dia 14 de abril.
Perguntou então para a segunda, e todos ouviram com muita alegria a mesma resposta: 14 de abril.
Ouve uma certa agitação motivada pela coincidência da resposta da terceira, que ao ser perguntada respondeu rindo: Eu também estou esperando para 14 de abril.
E então o meu amigo Ernesto foi certeiro para a quarta grávida presente na sala, e rindo perguntando, e ao mesmo tempo afirmando.
A senhora também esta esperando para o dia 14 de abril? Não é mesmo?
E a resposta foi rápida: Não, não, meu senhor... Eu não fui nesse piquenique!
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