João Mendes de Almeida, advogado, jornalista, líder abolicionista... É o nome do fórum localizado na Praça com seu nome, mais conhecida como João Mendes, um prédio imponente, com salas pequenas, muitos elevadores, na entrada do prédio há uma enorme placa com nomes do Gov. Laudo Natel, Jânio Quadros, entre outros. Não sei como ainda não roubaram aquela enorme placa, pois todas que existiam em São Paulo designando algo, que provavelmente eram feitas de bronze, foram roubadas, ou ferro muito pesado, viraram moeda para compra de "drogas", assim como a taça Jules Rimet-1970, no RJ.
Dentro desse fórum, há processos de 80/ 40 anos, todos empoeirados, cheio de ácaros, "ensebados", fedorentos, salas apertadas, com advogados, estagiários e funcionários públicos mal-humorados, até compreensível dado o atraso na justiça do Brasil, com referência a tecnologia que existe hoje.
Nessa praça tem um busto do Dr. João Mendes, uma estátua "contando a féria", muitas árvores, que foram sufocadas por muito cimento, carros do tribunal, vários estacionados em frente ao fórum, são vans, corsas, com seus motoristas até dormindo dentro a espera de algo; pode ser um monte de processos, um processo, algum servidor que tem privilégios, policiais militares, "seguranças particulares", etc. e tal.
Tem ambulância, tinha um morador de rua com sua carroça, dois cachorros cheios de doenças, dormindo embaixo, junto com os animais de quatro patas, vários engraxates, carcomidos pelo tempo, caminhões da AES, pois a obra que se faz nesse fórum parece obra de igreja, não tem prazo para começar e muito menos para acabar, antes do expediente começar há uma fila enorme, lógico, separadas, funcionários, advogados, clientes ou sofredores.
Não pode entrar de bermuda, chinelo, sei lá mais o quê, passa-se por uma revista com detector de metal, com os "brutamontes" e aqueles aparelhos passando por seu corpo, um "negócio" constrangedor.
Coincidentemente, nesse dia que lá estava, havia na praça, em frente ao prédio, muitos jovens, bonitos, bem vestidos, sorrindo, meninas e meninos, lógico, tinha um que comandava a alegria, eram “bichos” ou calouros de Direito da USP e PUC, pedindo “din din”, em um sol de 36 graus, sob as árvores da praça, era uma alegria total, até com louvor, mas o que chamou-me a atenção foram algumas "meninas-mulheres", com garrafas de cerveja na mão e sendo levadas a boca direto e reto. Os meninos-homens já estavam com um tipo de bebida mais forte, eram mais ou menos uns 70 ou 80, naquela loucura total, quando vieram pedir-me “din din”, até fiz uma brincadeira com três jovens, disse lhes que daria o “din din”, mas que teriam que fazer 20 polichinelo, o que prontamente foi atendido, fizeram na minha frente e todos felizes, inclusive "eu", até por brincadeira. (Tudo isso antes de ver que o “din din” destinava-se para consumo de etílico).
Imagino o Dr. João Mendes vendo tudo isso a sua frente, deveria estar se revirando no túmulo, tamanho descalabro o que acontece nos dias de hoje, de uma forma geral e total. O que esperar desses jovens que serão os ilustres, ou não, de amanhã, são jovens que passaram anos estudando e passarão mais ainda nos bancos das faculdades?
Nunca imaginei que veria cenas assim em pleno Centro de São Paulo, na Praça João Mendes, “ah”! Estava esquecendo-me de escrever: vi um senhor saindo do fórum com um "monte de processos", entregando para um engraxate que estava sentado, que depois levou ao tribunal de justiça, não entendi muito bem aquilo. (O engraxate estava de sandálias?)
“Ufa”! São tristezas e alegrias que vemos com um outro olhar nesta querida cidade que tanto amamos.
Saudações São Paulo.
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