Leia as Histórias
Eu me lembro, voltando do cinema e tendo assistido a última sessão, da meia-noite, caminhando pelo Viaduto do Chá, esgueirando-me das águas que jorravam do caminhão pipa da prefeitura. Na madrugada eles lavavam as principais ruas do centro. Acreditem ou não.
Às vezes, eu perdia o último ônibus e o jeito era voltar a pé. Era divertido ver a cidade quase adormecida. Podia-se caminhar despreocupado, sem temer coisa alguma. Não era raro encontrar um cachorro "de rua". Tomava-se cuidado para não ser mordido.
Como era maravilhoso jantar na boate do último andar do Hotel Excelsior. Boa música, boa comida e excelente vinho. No térreo, ao lado da entrada do cinema, havia uma loja de artigos de pintura. Eu perdia, ali, no mínimo uma boa meia-hora admirando as pinturas e todos os artigos de desenhos.
Quando papai nos levava para jantar fora, o que era raro, mamãe ostentava suas melhores joias. Era seguro. Eu comprei, com muito esforço financeiro, um relógio (Universal Geneve) na loja Bento Loeb na Rua Boa Vista. Sua pulseira era de ouro. Paguei os “olhos da cara”, mas valeu a pena para meu ego. Podia exibir-me. Assaltante, nem pensar.
A cidade tinha sotaque paulistano e a música era da melhor qualidade. Sem contar que os cantores (as), quase todos, eram acompanhados por orquestras. Longe dos cavaquinhos de hoje. Aonde foram parar todos eles? As orquestras? Os concertos? E os shows internacionais do Paramount?
Eu tinha uma namorada na Aclimação. Ficávamos, no mais das vezes, até altas horas conversando e namorando. Para pegar o elétrico de volta eu caminhava até o Largo da Aclimação. Eu esperava quase uma hora até ele chegar. Ficava ali, sozinho, em pé encostado, na árvore. Não tinha alma viva nas ruas. Era seguro e tranquilo. Apenas os morcegos a esvoaçar ao redor.
Existia uma loja na Av. Ipiranga quase na esquina com a Barão, especializada em tecidos para ternos. Uma vez, enfiei a mão no bolso, sem piedade, e comprei um corte de casimira Inglesa. Mandei fazer um terno com colete e tudo mais. Alfaiate. Alguém se lembra disso?
Estou à procura da cidade romântica, pacífica, segura, limpa, sem grades, sem assaltos, sem quadrilha de arrastão, saudosa e encantadora de nome: São Paulo. Se alguém souber do seu paradeiro, por favor, informe. Obrigado.
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Essa cidade idealizada e romântica poderá ser encontrada em seu íntimo, em suas belas lembranças...Sempre digo que saudade é bom porque nos leva de volta às coisas boas do passado (pois não temos saudades de coisas ruins). Dizem que não devemos reviver lembranças dolorosas, ruins porque sofremos tudo novamente então, se recordarmos coisas boas concluímos que seremos felizes de novo!
Abraço Célia Enviado por Regina Célia de Carvalho Simonato - [email protected]
Essa e uma realidade do novo seculo.O seculo que nos trouxe a nova tecnologia chamada Internet que
chegou e todos nos sabemos usar alguns para o bem outros para o mal, como os pedofilos que vivem atras de inocentes criancas.Fazendo uma comparacao com uma capital da europa (Madrid) eu andava com uma corrente de ouro no pescoso quando uma senhora de uma loja me advertiu dizendo Sr.isso se ve muito bonito mas qualquer um lhe arranca esse cordao e lhe vai machucar o pescoso.Isso a nao muito tempo.A violencia esta em todo lugar.Abracos Felix Enviado por Joao Felix - [email protected]
Que mania de atiçar minhas saudades com essas suas lembranças.
A loja de tecidos que lhe vendeu o "pano" para o terno era, nada mais, nada menos, que a
R. Monteiro.
Que tempos bons eram aqueles! Enviado por Miguel S. G. Chammas - [email protected]