Leia as Histórias
História publicada em 25/05/2006
Em 1983 eu estudava na 2ª série do 2º grau na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Cidade de Hiroshima em Itaquera, no período noturno.
Nesta época, eu fazia parte de uma turma que agitava culturalmente e politicamente a escola e a Comunidade local. Nossa turma era composta de roqueiros, poetas, escritores, artesãos e grupos de teatro.
Promovíamos baile a fantasia, festivais de poesia, peças teatrais, feiras artesanais, confecção de fanzines e tínhamos uma grande simpatia pelos partidos de esquerda, principalmente pelo Partido Comunista e pelo Partido dos Trabalhadores.
Certa noite, no Colégio Hiroshima, por volta das 21 horas, uma moça, simpatizante do Partido Comunista, desconhecida de nosso grupo e também não estudava no "Hiroshima", entrou na escola e começou a distribuir o jornal Voz da Unidade. Quando a diretora ficou sabendo quase teve um piripaque, pois estávamos no regime militar, censura e qualquer tipo de panfleto contra o Governo ou sistema era proibido.
A moça que devia ter seus 18 anos, foi expulsa da escola pelo inspetor com ajuda de vários professores. Minutos depois após ter pulado o muro, lá estava ela de volta nos corredores do colégio distribuindo o jornal.
Desesperada a diretora não quis nem saber de conversa e ligou para a polícia. Rapidamente, chega uma viatura policial, um fusquinha, mais conhecido como baratinha com dois policiais. Foram até a diretoria, onde a jovem estava detida sob a vigilância do inspetor e outros professores que nem podiam ouvir falar a palavra comunismo.
Rapidamente, os policiais colocam a moça na viatura. Alguns colegas percebem a arbitrariedade que estava ocorrendo e começaram a passar em todas classes explicando aos alunos o que estava acontecendo e convidando todo mundo para descer e impedir aquela prisão. E todo mundo desceu para o pátio e a baratinha da PM foi cercada.
Assustados os policiais pediram socorro pelo rádio e em poucos minutos o colégio "Hiroshima" estava cercado de viaturas e policiais armados de metralhadoras. Vários colegas haviam sido detidos, só porque estavam sendo solidários com a perigosíssima moça comunista.
Um estudante que já estava no camburão, me entregou um papelzinho com um número de telefone e pediu para que eu ligasse para sua mãe. Corri até o orelhão, que ficava logo na esquina, porém não cheguei a ligar. Na metade do caminho, mais baratinhas e camburões.
"Mãos pra cabeça, entra aqui...vocês estão presos." - disse um policial armado.
Juntamente com um amigo fomos empurrados para dentro da baratinha e conduzidos ao 32º Distrito Policial de Itaquera, mas não chegamos a ser fichados, pois milhares de alunos se negavam a sair do colégio enquanto todos os estudantes que haviam sido presos não retornassem para escola.
A pressão dos colegas sobre a direção e professores foi tanta que os policiais receberam ordens para soltar todos os estudantes.
Nesta época, eu fazia parte de uma turma que agitava culturalmente e politicamente a escola e a Comunidade local. Nossa turma era composta de roqueiros, poetas, escritores, artesãos e grupos de teatro.
Promovíamos baile a fantasia, festivais de poesia, peças teatrais, feiras artesanais, confecção de fanzines e tínhamos uma grande simpatia pelos partidos de esquerda, principalmente pelo Partido Comunista e pelo Partido dos Trabalhadores.
Certa noite, no Colégio Hiroshima, por volta das 21 horas, uma moça, simpatizante do Partido Comunista, desconhecida de nosso grupo e também não estudava no "Hiroshima", entrou na escola e começou a distribuir o jornal Voz da Unidade. Quando a diretora ficou sabendo quase teve um piripaque, pois estávamos no regime militar, censura e qualquer tipo de panfleto contra o Governo ou sistema era proibido.
A moça que devia ter seus 18 anos, foi expulsa da escola pelo inspetor com ajuda de vários professores. Minutos depois após ter pulado o muro, lá estava ela de volta nos corredores do colégio distribuindo o jornal.
Desesperada a diretora não quis nem saber de conversa e ligou para a polícia. Rapidamente, chega uma viatura policial, um fusquinha, mais conhecido como baratinha com dois policiais. Foram até a diretoria, onde a jovem estava detida sob a vigilância do inspetor e outros professores que nem podiam ouvir falar a palavra comunismo.
Rapidamente, os policiais colocam a moça na viatura. Alguns colegas percebem a arbitrariedade que estava ocorrendo e começaram a passar em todas classes explicando aos alunos o que estava acontecendo e convidando todo mundo para descer e impedir aquela prisão. E todo mundo desceu para o pátio e a baratinha da PM foi cercada.
Assustados os policiais pediram socorro pelo rádio e em poucos minutos o colégio "Hiroshima" estava cercado de viaturas e policiais armados de metralhadoras. Vários colegas haviam sido detidos, só porque estavam sendo solidários com a perigosíssima moça comunista.
Um estudante que já estava no camburão, me entregou um papelzinho com um número de telefone e pediu para que eu ligasse para sua mãe. Corri até o orelhão, que ficava logo na esquina, porém não cheguei a ligar. Na metade do caminho, mais baratinhas e camburões.
"Mãos pra cabeça, entra aqui...vocês estão presos." - disse um policial armado.
Juntamente com um amigo fomos empurrados para dentro da baratinha e conduzidos ao 32º Distrito Policial de Itaquera, mas não chegamos a ser fichados, pois milhares de alunos se negavam a sair do colégio enquanto todos os estudantes que haviam sido presos não retornassem para escola.
A pressão dos colegas sobre a direção e professores foi tanta que os policiais receberam ordens para soltar todos os estudantes.
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Publicado em 02/02/2010
nossa!eu não sabia dessa história!
eu vou para a 7a série e nunca ouvi falar disso!
também,faz muito tempo!
eu estudo nessa escola!é ótima Enviado por anônimo - [email protected]
eu vou para a 7a série e nunca ouvi falar disso!
também,faz muito tempo!
eu estudo nessa escola!é ótima Enviado por anônimo - [email protected]
Publicado em 06/10/2006
Prezado Adalberto.
Estou ciente que centenas de sindicalistas, artístas, estudantes e trabalhadores foram perseguidos, torturados e até mortos no período da Ditadura Militar - 1964 a 1984.
O fato acima é uma pequena amostra dos terríveis anos de censura e da ousadia do regime opressor. Enviado por Antonio Vasconcelos - [email protected]
Estou ciente que centenas de sindicalistas, artístas, estudantes e trabalhadores foram perseguidos, torturados e até mortos no período da Ditadura Militar - 1964 a 1984.
O fato acima é uma pequena amostra dos terríveis anos de censura e da ousadia do regime opressor. Enviado por Antonio Vasconcelos - [email protected]
Publicado em 26/05/2006
Se você acha que isto foram anos de chumbo,é porque é muito jovem,e não passou pela repressão da ditadura.E haja chumbo!
Enviado por Adalberto D´Alambert - [email protected]
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