Leia as Histórias
Aproximava-se o Natal. Eu, com seis anos, escrevi minha cartinha ao Papai Noel, pedindo um escorregador, uma boneca que anda e, para não perder nenhuma oportunidade, encerrava escrevendo "e mais tudo o que o senhor quiser trazer para mim"... Muito obrigada.
Pronto. Agora era só esperar.
Tudo teria continuado perfeito, não fosse uma de minhas amiguinhas ter afirmado:
- Papai Noel não existe. Minha mãe disse que é o pai da gente que compra, se veste, põe uma barba postiça e entrega o presente.
Fiquei consternada, porque se isso fosse verdade minha carta teria sido perdida, e o escorregador, então, nem se fala.
Cheguei em casa e interroguei minha mãe:
- A mãe da Marina disse pra ela que Papai Noel não existe e que é o pai da gente quem compra, se fantasia e coloca uma barba postiça para entregar os pacotes...
Minha mãe perguntou-me:
- Ela disse que é fantasia e que a barba é postiça? E o que você acha?
- Ah! Eu não sei! Respondi.
Sem se preocupar, minha mãe decretou:
- É fácil resolver. Quando ele chegar, você pergunta pra ele.
Na véspera do Natal, quando tocou a campainha, corri para abrir a porta junto com minha mãe e lá estava o enorme Papai Noel no portão, com o meu escorregador nas costas, perguntando:
- Foi você quem me pediu um escorregador?
- Ssimm... Respondi atônita e apreensiva, enquanto ele subia as escadas em nossa direção e parava bem na minha frente. Encarei aquele homem alto, de pele tão clara que era um pouco rosada, olhar suave e azul, com uma imensa barba branquinha e disparei:
- Eu sei que você não existe, que foi meu pai que comprou, que você usa barba postiça, porque minha amiga me contou...
Acostumado a atender as crianças, ele colocou o escorregador no chão, abaixou-se para ficar da minha altura e falou:
- Eu existo. Você pode pegar na minha mão...
E eu peguei desconfiada: era mesmo a mão dele!
- Você está fantasiado e a sua barba é postiça.
Mais uma vez ele falou com voz suave:
- Minha barba também é de verdade, pode olhar.
Cheguei bem pertinho e, quando ele menos esperava, dei um enorme puxão.
- Ai! - ele falou surpreso! Você puxou muito forte e doeu, mas agora, você acredita?
- Você é de verdade e sua barba também, respondi, e fico muito feliz porque assim você vai me trazer mais brinquedos no ano que vem...
- Fechado! Toque aqui! Esticando sua enorme mão em minha direção...
E selamos nossa combinação futura, com um grande aperto de mão.
Afinal todas as dúvidas estavam solucionadas!
Anos depois, lembrando o caso, minha mãe me contou que aquele senhor era suíço, contratado todos os anos pela Casa São Nicolau, da Praça do Patriarca, para entregar os presentes de Natal, e eu fiquei muito feliz pela linda lembrança que ele deixou em minha vida, afinal... ele era de verdade!
e-mail do autor: [email protected]
Você precisa estar logado para comentar esta história.
A São Paulo Turismo não publica comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei, que não tenham o remetente identificado ou que não tenham relação com o conteúdo comentado. Dê sua opinião com responsabilidade!
Modesto Enviado por Modesto Laruccia - [email protected]
Feliz Natal para você. Ivette Enviado por Ivette Gomes Moreira - [email protected]