Anos 60 eu morava na Rua Barão de Jaguará, esquina com a Av. Radial Leste. Meus amigos moravam todos, na sua maioria, na Rua Caetano Pinto, onde eu havia nascido. Um início de noite, eu me dirigindo para a quermesse de São Vito, no Brás, passando a Rua Visconde de Parnaíba e adentrando na Caetano Pinto, estava uma noite fria e encontrei um senhor de chapéu que começou a conversar comigo. <br><br>De repente começamos a contar histórias e percebi que este senhor era nada mais nada menos que Adoniram Barbosa, que quando trabalhava na Rádio Recod, na Rua Direita, fazia um personagem de nome charutinho. Quando perguntei a ele se não era o famoso Adoniram Barbosa e ele com sua voz tradicional e inconfundível disse “o próprio”, com uma caixa de fósforos na mão cantou “samba do Ernesto” e eu procurei fazer um dueto, claro, da pior qualidade, pois normalmente quando eu cantava no banheiro de casa sempre jogavam algum sapato dentro do banheiro para que eu parasse de cantar e ficasse quieto. <br><br>Mas foi um momento inesquecível para mim, pois eu não gastei nada e recebi uma luz grande. E a simplicidade daquele anjo me comoveu, pois eu mal o conhecia. Chegamos em frente à Campos Sales, perto da antiga sede do APEA e nos despedimos com um grande abraço. Fui embora olhando para trás com lágrimas nos olhos pela humildade daquele cidação. Foi inesquecível.<br><br>e-mail do autor: [email protected]<br>