Dia dos Pais (Noel)

Lendo o meu jornal agora pela manhã notei que o comércio já explorando o dia dos
pais …

Lembrei-me da década de 50 quando mudamos ai pra Sampa, mas a data a ser comemorada na época era do Papai Noel. No interior era mais comemorado pelas igrejas, com seus presépios enormes montados … Tinha já na época o Professor Pardal que inventava aqueles monjolos, (O monjolo tem um grande braço no qual de um lado está o pilão e do outro o recipiente que recebe a água. Semelhante a uma balança) e aquela roda d'água que movimentava alguns personagens do presépio .

No primeiro Natal em Sampa já ouvimos comentários sobre o um velhinho que trazia presentes para os meninos bem comportados. Nessa euforia de podermos ganhar um presente, éramos alvo de chacotas pelos garotos da rua. Pelo sim e pelo não eu e o meu irmão mais novo, o Paulo, engraxamos nossos sapatos e os colocamos em baixo da janela.

Combinamos de não dormir durante a noite toda pra ver o Bom Velhinho e tirar
a dúvida no dia seguinte com os outros garotos. Dormíamos na mesma cama e
ficamos conversando, em poucos minutos já dormíamos como dois anjinhos.

Acordamos eufóricos e fomos olhar em nossos sapatos. Encontramos um revolver em cada sapato. Ficamos meio frustrados pelo fato de o presente ser um simples revolver de plástico. Havia uma bala, também de plástico, que enfiada no cano e empurrada, pressionava uma mola e travava. Apertando o gatilho essa bala era arremessada longe. Fomos à casa do José Roberto (ele era o garoto rico da rua) que havia dito que ganharia uma bicicleta e … De fato ele ganhou a bicicleta!.

Ficamos ainda mais frustrados na volta para casa … Papai com sua
experiência nos contou que éramos novos em Sampa, e o Papai Noel
entregava presentes no mundo todo, como poderia adivinhar os garotos que
mudavam de local? Não achando esses garotos ele ia trocando e ajustando da
melhor forma possível de agradar a todos.

Ficamos felizes pela explicação do papai, e logo já chamei meu irmão Paulo
dizendo:
– “Paulo pegue os revolveres e vamos brincar no quintal de mocinho e
bandido, eu sou o Roy Rogers”.

E assim era nossa infância inocente naquela época. Depois fomos
aprendendo que esse Papai Noel não existia, aprendemos os palavrões, a
diferença entre o menino e a menina e tantas coisas mais na Grande Capital,
bem diferente da vida do interior …

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