Dia 8 de dezembro era o dia de montar a árvore de natal e seu presépio, para nós, crianças, era uma mágica linda, ver aquela árvore (natural) ficando cada vez mais linda à medida que mamãe e papai iam enfeitando. Magia que durava quase um mês porque ela era desmontada, religiosamente no Dia de Reis, 6 de janeiro, e aí a casa, a sala, tudo voltava ao normal. Eu achava que deveria ficar assim o ano inteiro, pois toda magia parecia refletir dentro de cada um de nós.
Papai colocava música (boleros) enquanto toda função era feita e o clima era de felicidade aqui na cidade de São Paulo. Depois de tudo pronto, meu pai pegava os cartões de natal para enviar aos amigos e parentes e olha que era gente que não acabava mais. Ao lado dele ficava a cola, os selos e uma lista com o endereço de todos, pois não podia faltar nenhum e depois minha mãe conferia e no dia seguinte eram levados para o correio.
Certo ano, meu pai achou que seria de muito bom tom enviar também para os vizinhos e um a um foram sendo lembrados e lá foi ele colocar tudo nos correios, mas de todos os vizinhos que receberam seus cartões sabem quantos agradeceram a gentileza? Nenhum. E meu pai ficou frustrado, mas não se deixou abater, afinal, nem sempre gentilezas geram gentilezas.
E quando o Natal ia se aproximando minha casa ficava cheia, para tomar um café, bater papo e também desejar um feliz Ano Novo. Eu, criança, só queria saber o que o Papai Noel iria me trazer e sempre trouxe tudo o que podia trazer. Grandes alegrias e grandes recordações.