A Copa de 1950, de triste memória. Não vou recorrer ao que já foi descrito e comentado sobre a mesma. Apenas sob a minha quase infantil recordação, com 18 anos – ter 18 anos em 1950, não era o mesmo que ter 18 anos agora. Lembro que fui convidado pelo meu amigo do peito (até sua morte há quatro anos atrás), Francisco Stopa, “Chiquestopa”, a ir ver a final da Copa contra o Uruguai, no recém inaugurado Maracanã.
– Vamos, Testi (meu apelido de garoto) – fala o Chico – vai ser muito emocionante, você sabe que apenas com um empate, o Brasil vai se tornar o Campeão Mundial de 1950 e vai ser fácil, ganhar do Uruguai vai ser uma “baba” e nós vamos de ônibus…
– Tenho que falar lá em casa, Chico, você sabe que pra mim não é tão fácil, não tenho disponibilidade financeira como você. Trabalho e entrego tudo pra minha mãe, família grande é dose…
Não fui. No dia seguinte à derrocada, o Stopa volta inconformado, diz que a torcida culpava e xingava os jogadores de São Paulo, principalmente o goleiro Barbosa que era paulista, mas jogava no Vasco.
Bem, na época, logo depois do fim da 2ª guerra mundial (1940-1945), eu já notava, pela imprensa escrita e falada, a desastrosa pressão carioca em sediar a Copa. São Paulo já tinha o melhor, maior e o mais confortável estádio do Brasil, o Pacaembu. O Rio tinha só o São Januário (do Vasco, naturalmente). Jogadores tínhamos – e ainda temos uma seleção dos melhores craques. Técnicos ótimos, grandes times. Enfim, o melhor estado pra sediar a Copa. Mas nós não tínhamos a política. O governo federal calcificou a construção do Maracanã em seis meses. A seleção? Toda baseada no time do Vasco. O técnico? Flávio Costa, do Vasco. Resultado, Brasil saiu na frente, estava ganhando por 1×0. O Brasil do “já ganhei” cedeu o empate e, em seguida, o famoso gol de Gighia selou, de vez, o resultado.
Agora, com a mesma ganância, a mesma ciumeira, a mesma politicagem conseguiram o torneio das Federações, a Copa e as Olimpíadas, deixando São Paulo, a maior cidade da América do Sul, chupando o dedinho. Dando as costas pra população, responsável pelo indiscutível destaque internacional em todos os setores. O carioca esquece que o Brasil é muito grande pra ser capacho de um estado totalmente dominado por…. deixa pra lá.
Esperamos que o Felipão não decepcione, mesmo com a final no Rio, que vença o Brasil. De quem é a culpa? Notem os nomes de nossos dirigentes esportistas e políticos. Não existe mais um Paulo Machado de Carvalho, um Feola….