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Bela Vista/Bixiga

Em 23 de junho de 1878, o jornal Província de São Paulo anunciava na primeira página “Vendo por propostas todas as matas dos terrenos do Bexiga pertencentes a A. J.L.Braga e Companhia”. Estava dada a largada para o nascimento do bairro mais emblemático da capital, o Bixiga. Nessa época a capital já experimentava o crescimento com a chegada dos imigrantes; os italianos que não toparam a aventura ingrata de colher café no interior se interessaram pelos terrenos e aproveitaram os preços baixos – para ali se mudaram em bando.

Por coincidência, a área era rodeada de ruas estreitas com 60 palmos de largura e aclives que lembravam bem as pequenas aldeias da Itália. A partir de 1890, o bairro experimentou nova onda de crescimento com a chegada de mais imigrantes: portugueses, espanhóis e muitos outros italianos.

Os primeiros registros referentes ao Bixiga são de 1559 e dão conta de uma grande fazenda chamada Sítio do Capão, cujo dono era o português Antônio Pinto. Décadas mais tarde o local passou a se chamar Chácara das Jabuticabeiras, devido ao grande número de árvores dessa fruta, nas imediações. Já na segunda década do século 18 o local pertencia a Antonio Bexiga. Ao que parece, o proprietário ganhou esse apelido porque fora vítima da varíola – bexiga era o nome popular da doença.

Desde aqueles tempos, um dos traços mais características da Bela Vista é a religiosidade. Sob esse aspecto, o marco do bairro, sem dúvida, é a igreja de Nossa Senhora de Achiropita. Inaugurada pelos devotos em 1925 na Rua 13 de Maio – ainda sem o sino maior, que só chegaria em 1929, doado por Maria Pidone e Maria Nazaro – mas já ostentando no altar uma imagem da milagrosa santa, trazida para o Brasil pelo imigrante calabrês José Falcone.

O ponto alto das atividades da paróquia é a comemoração do dia da santa, 15 de agosto, mas a grande festa de Nossa Senhora de Achiropita se estende tradicionalmente ao longo de todo o mês. Do lado de fora da igreja são colocadas barracas que oferecem comida típica (lingüiça calabresa, provolone, macarronada, fogazzas, polenta, fricazzas e vários doces regionais), enquanto em seu interior é feita a visitação à santa, novena, orações e preparação da procissão.

Em 1948, o industrial Franco Zampari alugou um prédio na Rua Major Diogo e nele instalou o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), a grande semente da agitada vida cultural e noturna do Bixiga, que perdura e cresce a cada dia. Novas casas de espetáculos ali se instalaram, como o Teatro Imprensa, o Oficina, o Sérgio Cardoso, o Ruth Escobar e outros.

Dias do bairro: 1º de outubro e 26 de dezembro

Fonte: Subprefeitura Sé; Bairros paulistanos de A a Z – de Levino Ponciano (editora Senac/São Paulo); Site Google