Em 1970 eu e o famoso cômico Costinha fazíamos uma Revista Musical no Teatro Quinta Avenida que funcionava na Avenida Rio Branco quase esquina com o Largo Paissandu.
Ao terminar o espetáculo costumávamos jantar no Parreirinha na Av. Ipiranga, passar no Restaurante Papai da Praça Julio Mesquita e depois seguir para a Rua Major Sertório, onde encerrávamos a noite com um show, eu na Boate La Vie em Rose e o Costinha na Boate Dakar.
Sempre fui muito fã do Costinha, sempre considerei o grande Costinha como um dos caras mais engraçados do Brasil ao lado é claro, de outros como José Vasconcelos, Golias etc. Estava já até acostumado ao seu estilo de humor, suas graças, mas nunca prestei muita atenção no seu lado sério.
Um dia conversando com o Costinha antes do show, rindo muito daquele seu jeito engraçado de ser e de falar, de súbito notei que o mesmo ficou sério e em seus olhos surgiram algumas lagrimas e ele então com muita tristeza me disse: “sabe Arthur por que será que as pessoas não acreditam no meu talento e acham que eu só faço graça por que minha cara é engraçada”.
E ele completou: “o Jô Soares e o Chico Anísio já me falaram que eles seriam muito mais engraçados se tivessem a minha cara. Muita gente imagina que eu só sou engraçado por possuir essa minha cara. Você acha que eu sou assim tão feio?”.
Eu então falei: “bom Costinha, eu acho que sua cara é mesmo muito engraçada, quanto a ser feio… Eu acho que você tem os olhos bonitos, a boca bonita, seu nariz não é dos piores, suas orelhas são de bom tamanho isso tudo individualmente é até bonito, o conjunto de tudo isso é que não deu certo. Se a gente pudesse separar tudo isso, tenho certeza que você seria bonito”.
E fomos os dois rindo, cada um para o seu trabalho.
Até hoje sinto muitas saudades do Mario Lírio da Costa – O popular Costinha.
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