Chuva de prata

O ano era de 1954, e o mês, janeiro. Inaugurava-se o Parque do Ibirapuera para as festividades do IV Centenário da cidade.

Era festa todo o dia. Bandas marciais, nacionais e americanas (fuzileiros navais). Música era tocada por todos os lados do parque. As marquises, lotadas de gente. Mário Zan tocado nos quatro cantos da cidade com seu "São Paulo Quatrocentão", que acabou se tornando o hino oficial do aniversário da cidade.

Lembro-me nitidamente quando do último dia da festa, lá no Vale do Anhangabaú. Aviões da FAB lançavam ao ar pequenos triângulos de papel alumínio, que eram intensamente iluminados pelos poderosos holofotes do exército, localizados em pontos estratégicos do Vale. Era uma verdadeira chuva de prata.

Terminada a festa, voltando para casa e subindo a Brigadeiro Luiz Antônio em direção a Paulista, podia ainda ver nos jardins das casas os papéis-alumínio caídos em seus jardins, lançados há pouco pelos aviões.

Em 1954, a Brigadeiro ainda era área residencial e muito, muito elegante.

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