Carrocinha de Sorvete e Carrinho de Raspadinha

Não tinha jeito, toda sexta-feira era a mesma coisa, quando garoto, com 9 a 11 anos, mais ou menos, a diversão era trabalhar na feira. Logo cedo ia carregando água para o moço que vendia peixinhos ornamentais que enchiam nossos olhos de admiração, devido à variedade de cores e formas, carregava água tirada no registro de umas das casas da Rua Sergipe, próximo ao Cemitério da Consolação, que sufoco carregar água naquela lata retangular, onde eram vendidos os biscoitos Jacareí, lembram-se desta marca? Das 8:00 até as 11:30 o trabalho era carregar as sacolas das senhoras que faziam compras na feira, na época não havia tabela, as pessoas davam quanto elas achavam que deviam e podiam pagar, as vezes saía uma ou outra discussão em relação ao pagamento, mas nada que não tivesse boa solução. Parte do dinheiro conseguido com nosso suor era guardado para o cinema de domingo nos Cines Trianon, Ritz, Rio e Astor, os dois no Conjunto Nacional, e outra parte era para comprar sorvete depois da feira.
Quem não se lembra do homem que vendia sorvete na carrocinha, aquele que vendia sorvete em uma carrocinha puxada a cavalo, carrocinha que tinha cobertura de proteção do sol, bege com acabamento vermelho, que ficava na porta do Mackenzie e nos dias de feira da Rua Mato Grosso, ao lado da barraca de peixes? Acho que era Roberto o nome dele, na época não havia pastel de feira, então nós íamos gastar parte de nosso dinheiro na carrocinha de sorvete, detalhe: o sorvete era de massa e com casquinha, por sinal, muito gostoso. Quem não tinha a grana para o sorvete ia choramingar com o homem que vendia raspadinha, era um carrinho caindo aos pedaços. Tinha uma bancada onde ficava a barra de gelo e acima da banca havia um suporte onde ficavam os litrões de boca para baixo com os sabores da raspadinha que junto com o gelo fizeram parte da minha infância e da de muita gente.

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