Quase quatro horas aqui, onde resido, na região paulistana de Santo Amaro. Plena madrugada silenciosa e fria de um final de inverno e quase início de uma primavera que se aproxima. Já na maturidade da vida, nestes momentos a sós, refletindo sobre os anos já vividos, vêm-me à lembrança os idos tempos de uma juventude que o tempo já levou.
Recordo-me dos amigos, cada qual de uma maneira de ser, mas todos leais e unidos, fazendo jus ao lema: – "Um por todos, todos por um". Como se mosqueteiros fossem e no esplendor da mocidade, sonhando com os anos futuros, imaginando o que seríamos e o que o destino nos reservaria; conjecturas que todos fazíamos na saudosa e já distante década dos anos sessenta, do século que já se foi.
Vejo no mundo atual, agora no limiar da maturidade, onde os jovens de outrora, alguns já o destino levou, e outros com os cabelos brancos e o peso dos anos já denunciando as proximidades do fim da jornada terrestre, como algo incompreensível à mente de quem um dia moço fora.
Lembrando dos amigos dos áureos tempos, veio-me à memória, o poema de Machado de Assis:
Bons Amigos
Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!
Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!
Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam à realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho, Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas…
E-mail do autor: [email protected]