Boca do luxo

Foi da década de 60 a 70 que frequentei a maravilhosa boca do luxo em São Paulo, tinha vinte anos.

Lembro-me da boate Dakar, na esquina da Rego Freitas, com sua pista dança iluminada, o Holiday, Variety, o La Vie en Rose, da Ester, o Michel da Sonia, o Club de Paris do francês Jaan Pierry, que foi a primeira boate com TV circuito fechado. Em frente tinha o bar Tetéia.

Todas as noites parecia que estávamos em Las Vegas, a cidade toda iluminada, muita gente bonita nas ruas, as garotas que trabalhavam nas boates muito bem vestidas, pareciam madames.

Na Praça Roosevelt tinha La Licone, da Laura Qeu; depois mudou-se para sede própria, na Major Sertorio. O Marino, o Chicote, enfim, uma época de festas. Dificilmente tinha uma confusão.

Tinha mulheres belíssimas nas boates; um amigo casou-se com uma garota do La Vie en Rose na Igreja da Consolação, foi uma linda cerimônia, em que estavam todos os boêmios da noite de São Paulo, e depois uma grande festa. Época maravilhosa.

No dia em que a boca do luxo acabou, os prédios foram desapropriados. Todas as boates deram uma grande festa de despedida, nunca vi tanta gente chorando nas ruas, todos os porteiros, as garotas, e os clientes se abraçaram, sabendo que jamais haveria uma boca do luxo tão linda, tão maravilhosa como aquela.

Hoje não existem mais boates com aquele luxo, com show, tudo passa, mas fica a saudades daquele quadrilátero maravilhoso da Rego Freitas, Major Sertorio, Rua Araújo.

Agradeço a Deus por ter vivido os dez anos mais maravilhosos da minha vida. Quem sabe um dia voltamos a nos encontrar, mesmo que seja do outro lado da vida.

e-mail do autor: [email protected]