Quem viveu na década de 60 na região do Brooklin deve lembrar bem das coisas que eu vou narrar.
No Brooklin havia o balão do bonde, a Casa Alleoti, as lojas da Joaquim Nabuco. Não lembro bem quantas vezes por dia, esses lugares ficavam "infestados" por um cheiro insuportavelmente delicioso. Era a Lacta tirando uma fornada de Bis, Sonho de Valsa, Diamante Negro e de outras delícias, cujo cheiro era liberado pelas chaminés da fábrica e permanecia durante muitos minutos até que as correntes de vento dissipassem aquele cheiro maravilhoso.
As balas Toffe eram fabricadas pela Casa Falchi e inigualáveis, tal era inigualável o Chocolate ao Leite. Lá perto do Largo Silva Telles, no Braz, havia a Dizzioli, que na época fabricava o Dadinho, chocolate Fondant com sabor de amendoim ou avelã, os Dadinhos derretiam na boca, sem você precisar mastigá-los.
Como eu morava na Rua Assumpção, no Braz, tínhamos a fábrica do Matarazzo, onde se fabricavam as massas Petibon e os mais adoráveis palitos de biscoito cobertos de chocolate. Aqueles aromas eram típicos de cada lugar e podiam ser reconhecidos até de olhos fechados. Quando você passava por perto da Kibon, podia sentir o cheiro da Jujuba e do picolé de chocolate.
Cheiros, assim como sons, que associamos a imagens, e assim, lembrando dos cheiros, posso rever em minha mente todos os fatos daquela época, dos bailinhos nas garagens, do laquê que as meninas usavam nos penteados, dos perfumes Pino Silvestre e Lancaster, das músicas das grandes orquestras e dos cantores italianos, dos Beatles, dos sons dos motores dos automóveis da época (a maioria ainda importados na década de 50) e das trilhas sonoras dos filmes que hoje são considerados clássicos. Quo Vadis, Ben Hur, Os dez Mandamentos, Pepe, A Volta ao Mundo em 80 dias, Sissi e tantos outros.
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