Avenida Rangel Pestana

A Avenida Rangel Pestana era como um divisor entre a colônia espanhola e a colônia italiana, isso no bom sentido é claro. <br><br>Noventa por cento das famílias italianas moravam do lado de cá da avenida que abrangia a Zona Cerealista e as ruas desde Avenida até a Benjamin de Oliveira. Do lado oposto, a grande maioria das famílias era espanhola, principalmente nas ruas Caetano Pinto e Carneiro Leão.<br><br>As primeiras lembranças da avenida remontam a antigos Carnavais com seus corsos e a guerra de lança-perfumes entre toda a garotada. Depois, a algazarra da saída pelo túnel, de frente ao grupo escolar Romão Puigari. Já da juventude, o “footing” da avenida e os cinemas como o Olímpia, o Piratininga e o Colombo. A pizzaria do Luiz e Cantina 1O60 nos dias em tínhamos um dinheirinho a mais. <br><br>Nos meados dos anos 40, assisti na avenida o ex-presidente Wasghinton Luiz desfilando em carro aberto no seu regresso do exílio, em 1946 o desfile em carro aberto do general Eisenhower, o general da vitória que comandou o ataque do dia D dos aliados. Ia sorridente e com o uniforme de campanha em sua visita ao Brasil. Vi uma multidão na avenida em frente à estação do norte na chegada de Leônidas, em 1942. <br><br>Outras lembranças que se repetiam todos os anos era a procissão da madrugada da Igreja do Brás. Nela ficávamos observando as mães das meninas que conhecíamos no “footing” e diante de das mais gordas já prevíamos o futuro que nos aguardava e comentávamos alegremente gozando os que já estavam namorando.<br><br>No final da procissão um churro na Caetano Pinto porque ninguém era de ferro. E para terminar, do céu da Igreja do Brás para o inferno da Rua Cruz Branca que ficava ao lado das porteiras do Brás e acompanhava a linha do trem em direção ao final da Rua do Gasômetro. Ninguém ousava falar o nome dessa rua para as moças da época, era só uma quadra com dois bares e dois bordéis e nós, os rapazes, evitávamos passar por lá. Afinal, éramos de boa família. <br><br><br>E-mail: [email protected]