Avenida Dom Pedro I

A Avenida Dom Pedro sempre foi uma das minhas preferidas na cidade de São Paulo. Mal eu imaginava que ia ser dela tão íntimo.
Contava eu com uns 14 ou 15 anos, e com uma vontade incomensurável de conhecer, explorar e esquadrinhar o centro de São Paulo. Saía, então, de ônibus, de São Bernardo, casa de meus tios, e rumava até o longínquo Terminal Parque Dom Pedro. Na época, não havia o Terminal Sacomã, e a viagem seguia mais ou menos assim: Anchieta, Bom Pastor, Dom Pedro e Avenida do Estado.
Quando passava pela Dom Pedro, meus olhos iam direto naquelas casas antigas. Além das casas, admirava os poucos prédios da avenida. Sempre gostei de edifícios antigos, de grandes apartamentos. E num desses edifícios eu me demorava mais, e pensava "um dia vou morar neste prédio".
Passaram uns três ou quatro anos, e, lá por 2006, resolvemos comprar um apartamento, após alguns anos de economias e projetos. O Ipiranga foi a minha primeira (e, teimosamente, única) opção. Achamos um bom apartamento na Bom Pastor, que todos nós gostamos (apesar do reduzido tamanho). No entanto, o negócio acabou não saindo e, adivinhem: praticamente caiu em meu colo um apartamento justamente naquele prédio desejado, em plena Avenida Dom Pedro.
Foi aí que começou minha relação de profunda admiração pela avenida. Seus edifícios incríveis, a citar, no lado par Ed. Alice e Ed. Cálux, da década de 40. Segundo seus moradores mais antigos, nem terremoto em terras paulistanas o derruba. Conj. Monumental Dom Pedro (Cond. Ed. Brasil Portugal), década de 60/70. Não sei se é fruto de minha imaginação, mas o nome "monumental" me parece tanto uma alusão ao vizinho Monumento à Independência e à própria Vila Monumento, como um elogio ao prédio, ao conjunto das duas torres (Ed. Brasil e Ed. Portugal). Belo jogo de palavras, fruto de uma época em que não se colocava já de imediato qualquer nome em inglês ou francês.
E o que falar da casa inglesa hoje ocupada pela Fisk, que quase foi de meu tio há muitos anos atrás, no lado ímpar, esquina com a Rua Jorge Moreira. Espetacular.
Há quem reclame de seu barulho, de seu trânsito, ou mesmo da água que insiste em acumular na pista local lado par, a cada chuva mais forte. Mas para mim, é o melhor lugar para se viver.
Àqueles que possuem fotos antigas da avenida, agradeceria muito se pudessem compartilhar comigo.

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