TV Bandeirantes, 1968, pouco mais de um ano após sua inauguração, acontecida em 13 de Maio de 1967. E oito meses antes do grande incêndio que viria encher de dor o coração de tanta gente que, como eu, estava ligada à família Bandeirantes.
Dia 16, e pela primeira vez, o pagamento mensal estava atrasado seis dias, deveria ter saído no dia 10. Várias emissoras atrasavam o pagamento do salário de seus funcionários, principalmente a TV Tupi e a TV Excelsior, mas isso jamais havia acontecido com o Canal 13.
Pairava uma ligeira preocupação no rosto de todo o pessoal da casa, que graças a Deus foi desfeita, após o almoço, pela convocação do caixa, para que todos se dirigissem ao caixa para receber o devido salário.
Uma grande fila foi formada no corredor térreo da emissora, ao lado do guichê do caixa.
Havia ali muita gente famosa: além de câmeras, diretores, produtores, programadores e pessoal da técnica, muitos artistas e jornalistas, dentre eles: José Paulo de Andrade, Mario Senna, Germano (Burraldo), Roberto Marquiz (Teobaldo), Sargentelli, Fiori Gylioti, Muibo Cury, Ronaldo Batista, Luiz Carlos Paraná, Murilo Amorim Corrêa, Franco Neto. Atrizes: Marly Marley, Célia Coutinho, enfim, praticamente todos os funcionários da casa.
Com ajuda do incrível Odair Batista, eu peguei o meu salário, retirei umas notas do mesmo, amarrei em um barbante (fiz uma fieira) e saí puxando o mesmo por trás dos ombros, pelo corredor em frente ao caixa. Quando alguém perguntava “Que é isso?”, eu dizia:
– É que eu passei o mês todo atrás dele, mas hoje!, ele está atrás de mim.
Quando assim brincando cheguei no meio do corredor, dei de cara com o dono da emissora, o querido e saudoso João Jorge Saade, que, notando o meu embaraço, perguntou:
– Que é isso?
E eu, todo sem graça, respondi:
– Não é nada, não. Estou só levando meu pagamento para andar um pouco, ele esteve inativo por mais de um mês aí no cofre.
Foi um riso geral na fila do caixa.
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