Eu estava na banca de jornal de um amigo quando uma criança de mais ou menos cinco anos pediu para a mãe comprar um pacotinho de figurinhas.
Lembrei-me da minha infância, das balas futebol, era uma época de ouro, toda a garotada juntava e trocava as figurinhas das balas futebol. Jogávamos o famoso a bafa.
Quando o álbum de figurinhas estava completo, a gente trocava pelo prêmio, geralmente era uma bola, com uma caixa de chocolate.
Era gostoso procurar as figurinhas carimbadas, era difícil de conseguir, o que valia era mais pela disputa e conseguir completar o álbum.
As balas eram vendidas nos bares e armazéns. Muitas vezes o meu pai comprava a caixa fechada, era uma festa com os meus irmãos. Era romântico, era gostoso, a gente abria cada bala na emoção de encontrar uma figurinha carimbada, quando saía a figurinha carimbada era uma festa, parecia que tínhamos ganhado na loteria.
A gente guardava o álbum com um carinho especial.
Hoje eu vejo a infância, ela é fria, sem emoção, difícil ver um garoto jogar a bafa.
Aquele menino que a mãe comprou as figurinhas, no jornaleiro ele rasgou o pacotinho, tirou as figurinhas, sem nenhuma emoção. Eu e meus amigos, no nosso tempo, abríamos as balas bem devagarinho, para ver a figurinha que ia saindo.
Dizem que os tempos são outros, mas eu sinto uma saudade do meu tempo de criança, era tudo feito com respeito. Com carinho, e com amor.
Eu tenho certeza de que quem conheceu as balas futebol jamais vai esquecer. As fotos dos jogadores eram bem feitas e coloridas. Das carimbadas eu lembro do Julinho, Gilmar, Rubens, Jair, Teixerinha, e muitos outros.
Tempos que não voltam mais.
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